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É preciso acordar para o futuro

É preciso tomar medidas sob pena de estarmos a criar condições futuras de aumento da pobreza na velhice

Todos já percebemos que a nossa população está a envelhecer. No passado, ninguém se preocupou com o incentivo à natalidade e, agora, a redução drástica do nascimento de bebés cria problemas à nossa sociedade. Que políticas estão a ser desenvolvidas para incentivar os casais a terem filhos? É com estes aumentos de preços e com os ordenados que temos que existem condições para se terem filhos e dar-lhes o que precisam? Que futuro tem uma sociedade sem jovens?

O problema é mais sério do que se pensa. É melhor começar a pensar em apoios adicionais, por exemplo, na área da educação que permita aos pais não se preocuparem tanto com o futuro educacional dos seus filhos e que abrangem todas as crianças e jovens, independentemente dos escalões. A preocupação crescente das famílias com a alimentação dos seus filhos deveria fazer o governo atribuir apoios financeiros adicionais. Ter filhos com as dificuldades do passado não é opção. E, num futuro muito próximo, os professores têm de ter consciência que a redução atual de jovens irá determinar a fusão de escolas o que conduzirá à redução de número de professores.

Por outro lado, o número de pessoas idosas está a aumentar. À conta desta situação – redução drástica dos jovens e aumento da população idosa, dentro de 10 anos, estaremos com um problema grave de sustentabilidade do sistema de segurança social cujo pagamento de pensões e reformas assenta nas contribuições da população ativa, ou seja, de todos os que se encontram em idade de trabalho. Ora reduziu-se o número de nascimentos e aumentou-se o número de idosos, o estrangulamento financeiro é, pois, cada vez maior a cada ano que passa. Se, neste momento, ainda dá para empurrar este problema com a barriga, daqui a 10 anos, seremos forçados a lidar com o assunto. Como resolverão? Reduzindo a reforma atribuída para poder distribuir o dinheiro existente por todos os pensionistas e reformados? É preciso tomar medidas sob pena de estarmos a criar condições futuras de aumento da pobreza na velhice.

Se estivermos conscientes do aumento crescente de atribuição de pensões sociais a ex-emigrantes da Venezuela, uma pergunta se coloca - qual a justiça social existente com aqueles que descontaram uma vida inteira de trabalho? Sem terem feito qualquer desconto, estas pessoas chegam a receber mais do que quem contribuiu por anos. Ninguém está contra o apoio social a quem realmente precisa, mas teria sido financeiramente mais inteligente atribuir um apoio em vez de uma pensão. Porque enquanto há dinheiro, pode-se dar o apoio. Acabando o dinheiro, pode-se suspender os apoios, mas as pensões garantem um direito para o resto da vida. As decisões governativas devem garantir a estabilidade para o futuro e não apenas concentrar-se em decisões presentes para garantir eleições sucessivas. Iremos pagar caro por esta decisão. Imaginem a revolta social se isto estivesse a acontecer em França.

O envelhecimento da população também exige preparação do Sistema de Saúde regional. Se, no passado, as mulheres que trabalhavam em casa cuidavam dos seus idosos, hoje, a vida moderna traz dificuldades acrescidas às famílias para poderem cuidar dos seus idosos. E é preciso preparar o Sistema de Saúde Regional para as doenças associadas à velhice. O sistema implantado baseia-se em políticas de reação em vez de prevenção. Procura-se curar doenças e existem poucas medidas para prevenir a doença e/ou deteção atempada da doença. A melhoria do Sistema de Saúde não se resolve apenas com a construção de um novo hospital. Dever-se-ia estabelecer a realização de exames periódicos de prevenção de algumas doenças e perante a suspeita de doenças graves, a resposta dada pelo serviço público deveria ser mais célere. Demora-se imenso tempo para a realização de exames.

A realização de exames no privado não está ao alcance de qualquer um. Isto para não falar na disparidade de preços praticados para o mesmo tipo de exame. Aconselho uma pesquisa aos vários prestadores de serviço antes de realizar os exames. Existem diferenças consideráveis. Um bom governante na área da saúde tem de ter consciência do poder de compra da população e a evolução das doenças na Região para bem atuar. E já agora, sou só eu que acho burlesco informações para comunicação social de utilização de novos equipamentos no hospital? Não foi para isso que se adquiriram os equipamentos? Faz algum sentido equipar e não utilizar?

A demora no diagnóstico é demasiado perturbadora para quem tem a doença e, para as contas públicas, é seguramente mais vantajoso um diagnóstico atempado para uma intervenção mais eficaz e com menos procedimentos. Não é só na realização das operações que devemos estar atentos. Devemos olhar ao sistema no seu todo.

Se tivermos consciência que uma parte crescente da população idosa vive só, que soluções para o futuro estamos a preparar para darmos resposta à sua vulnerabilidade futura?

Pensem nisto.