Zelensky discute com Macron sobre visita do líder francês à China
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, revelou hoje ter discutido com o seu homólogo francês, Emmanuel Macron, a visita deste estadista à China, cujos comentários recentes mereceram críticas na Europa e nos Estados Unidos.
"Tive uma conversa de quase uma hora e meia com o Presidente francês, Emmanuel Macron (...) Os resultados da recente visita do presidente Macron à China foram discutidos", disse Zelensky no Telegram, sem detalhar.
Macron causou protestos após a sua visita de Estado à China, quando disse que a Europa não deveria alinhar automaticamente com os Estados Unidos ou Pequim no caso de um conflito em Taiwan.
Nessa altura, declarou que ser um "aliado" dos Estados Unidos não significava necessariamente ser um "vassalo".
A visita à China foi dominada por discussões sobre a guerra na Ucrânia, após a deslocação do líder chinês, Xi Jinping, à Rússia, onde Pequim e Moscovo acertaram o aprofundamento das relações.
Zelensky disse também que expressou a sua gratidão a Macron por "condenar a terrível execução desumana de um soldado ucraniano por criminosos de guerra russos".
Essa suposta execução foi revelada num vídeo que se tornou viral e mostra um indivíduo russófono fardado decapitando com uma faca uma pessoa que parecia ser um prisioneiro de guerra ucraniano, imagens que causaram choque e indignação na Ucrânia e no ocidente.
As autoridades russas disseram na quinta-feira que estão a examinar as imagens para determinar a sua autenticidade.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.490 civis mortos e 14.244 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.