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Marcelo e Moedas partilham quebra de jejum no Ramadão e deixam mensagens de inclusão

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Foto Lusa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, deslocou-se hoje à Mesquita Central de Lisboa para uma vez mais partilhar com a comunidade islâmica o 'iftar', a quebra do jejum diário durante o mês do Ramadão.

Como já tinha feito no ano passado, Carlos Moedas juntou-se ao chefe de Estado neste gesto simbólico e ouviu um elogio de Marcelo Rebelo de Sousa, que o saudou como "grande presidente da Câmara de Lisboa".

Os dois deixaram mensagens pela tolerância, diálogo e inclusão, assinalando a antiguidade da presença islâmica na cidade de Lisboa, em discursos na sala de orações da mesquita, onde se sentaram, descalços, ainda antes do 'iftar'.

"Estamos aqui todos juntos, a celebrar juntos, mostramos que a comunidade islâmica não se fecha sobre si mesma, mas que é parte da cidade que é Lisboa, de uma cidade onde a presença islâmica é parte da sua natureza. Esta é a mais antiga comunidade islâmica da Península Ibérica, e eu tenho um orgulho enorme exatamente por isso", declarou Carlos Moedas.

Nesta ocasião, o autarca do PSD evocou "o valor da reconciliação, o valor do dialogo, de escutar o outro, o valor da família, onde toda a vida social começa, o valor da solidariedade, que tem demonstrado sempre esta vossa comunidade", acrescentando: "São estes valores que preenchem a nossa alma, são estes os valores da vossa religião".

Carlos Moedas reforçou a ideia de que "cabem todos" em Lisboa, "uma cidade verdadeiramente ecuménica, multicultural, como a sua História de tantos séculos demonstra, uma cidade onde todos dão o seu contributo".

A seguir, Marcelo Rebelo de Sousa começou a sua intervenção expressando o desejo de paz no mundo, em particular na Ucrânia, mas abrangendo todos os continentes.

"A paz que desejamos no nosso querido Portugal, sempre. A paz que desejamos também nesta cidade de Lisboa, também com este grande presidente da Câmara de Lisboa, também com esta grande comunidade islâmica que está em Portugal e é muito forte em Portugal e é muito forte em Lisboa", prosseguiu.

O Presidente da República referiu que "ainda não havia Portugal e já havia comunidade islâmica em Portugal, já havia comunidade islâmica em Lisboa" e apontou esta comunidade como "um exemplo de paz, de fraternidade, de doação, de serviço dos outros".

Perante as dezenas de muçulmanos que se encontravam na sala de orações, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou: "O Presidente de Portugal é o vosso Presidente, e vós sois dos queridos compatriotas que permanentemente o Presidente tem no seu pensamento".

O chefe de Estado lembrou as vítimas do ataque de 28 de março no Centro Ismaili, em que morreram duas mulheres.

E anunciou a intenção de nos próximos meses visitar "outros polos" da comunidade islâmica em Portugal, "alguns deles aqui em Lisboa, outros fora de Lisboa, perto de Lisboa, outros mais longe de Lisboa".

"Conto convosco, conto com aquilo que é a vossa oração a Deus, pela paz, pela fraternidade, pelo diálogo entre portugueses, pela tolerância, contra o ódio, pelo diálogo contra a incompreensão. Estamos juntos. Que este 'iftar' seja, como aqui se lembrou, um novo começo nesta grande comunidade islâmica, que é uma grande comunidade de Portugal e à qual Portugal tanto deve há quase mil anos. Bem-hajam", concluiu.

No início desta cerimónia, o xeque David Munir, imã da Mesquita Central de Lisboa, disse que "as mesquitas são lugares de paz", que "a comunidade islâmica está integrada" e fez um apelo a todos para que não haja "medo das mesquitas nem dos muçulmanos".

"A nossa súplica é que juntemos as nossas orações pelos doentes, idosos e crianças desamparadas, que o futuro nos traga paz e união e para que o Senhor, o criador do universo e de todos nós, o beneficente e misericordioso, nos ajude a minorar a pobreza, o sofrimento e a tristeza resultantes das guerras e violência que se têm propagado infelizmente pelo mundo", declarou, por sua vez, o presidente da Comunidade Islâmica de Lisboa, Mahomed Iqbal.

Depois do pôr-do-sol, cerca das 20:15, Marcelo Rebelo de Sousa e Carlos Moedas comeram tâmaras e beberam água, sentados ao lado do presidente da Comunidade Islâmica de Lisboa, Mahomed Iqbal, e do imã da mesquita, o xeque David Munir.

Este momento foi testemunhado e gravado por muitos dos presentes e ao longo da noite o Presidente da República foi solicitado constantemente para fotografias, na sala de orações e também quando percorreu o pátio interior da mesquita e desceu até ao espaço de refeições, para jantar.

O Ramadão é um período de jejum, que deve ser cumprido entre a alvorada e o pôr-do-sol, e de maior dedicação à espiritualidade, celebrado anualmente no nono mês do calendário islâmico.