Ministro e ex-ministro suspeitos de desvio de fundos públicos na Guiné Equatorial
Um ministro e um ex-ministro da Guiné Equatorial são suspeitos de estarem envolvidos num caso de desvio de fundos públicos na ordem dos "dez mil milhões de francos cfa [15,2 milhões de euros]", anunciou ontem a televisão nacional (TVGE).
A investigação centra-se num grupo de cinco equato-guineenses por detrás da criação de várias empresas "fictícias" desde 2019, para obter contratos públicos forjando a assinatura do Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo.
Presidente desde 1979, Teodoro Obianda é o chefe de Estado mais longevo no mundo, excluindo monarquias.
Os cinco suspeitos estão detidos na esquadra de Malabo, capital da Guiné Equatorial, o terceiro país mais rico da África subsaariana em termos de Produto Interno Bruto (PIB) 'per capita' [dados de 2021 do Banco Mundial], mas ocupa o 172.º lugar, num total de 180 países, no barómetro de corrupção elaborado pela organização não-governamental Transparência Internacional.
Os suspeitos criaram alegadamente "nove empresas fictícias" que ofereciam, entre outras coisas, serviços de manutenção de edifícios públicos e praias, segundo a TVGE, que acrescenta que estas empresas celebraram "24 contratos fraudulentos" com o Governo.
A TVGE acusa Rufino Ndong Esono Nchama, ministro da Cultura, Turismo e Promoção do Artesanato desde 2017, e Valentin Ela Maye, que foi ministro da Economia e Finanças entre 2020 e 2023, de "serem pagos pelas empresas fraudulentas".
A televisão estatal disse que o tribunal estava a investigar as suas alegadas ligações com certas empresas "fictícias", e afirmou que recebiam cada um cinco milhões de francos cfa (cerca de 7.600 euros) por mês.
A abertura da investigação foi confirmada à agência France-Presse por uma fonte próxima do caso que solicitou o anonimato, dizendo que os investigadores ainda estão a tentar determinar o número de pessoas envolvidas.
O interrogatório de Nchama requer a autorização do primeiro-ministro, disse a TVGE.
Contactado, o Ministério da Justiça não especificou a natureza das acusações contra os suspeitos, nem as sanções em que incorrem.