Bombeiros voluntários criaram comando nacional próprio sem autorização do Governo
Os bombeiros voluntários criaram um comando nacional próprio, estrutura que vai ser oficializada no sábado depois de ter sido eleita com a intervenção da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) e sem uma decisão do Governo e da Proteção Civil.
Uma nova organização operacional dos bombeiros que inclui um comando nacional próprio, em que "bombeiros são comandados por bombeiros", é uma das principais reivindicações da LBP e há muito exigida por esta entidade.
Depois de várias reuniões e tentativas de criar esta estrutura com o apoio do Governo e da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), os bombeiros elegeram esta semana a primeira equipa do Comando Operacional de Bombeiros sem que tenha sido tomada uma decisão formal por parte da tutela.
"Isto significa o encerrar de um processo. O processo decorre há mais de um ano quando a LBP entregou ao Ministério da Administração Interna e à ANEPC várias soluções para o reconhecimento de um comando de bombeiros em que os bombeiros são comandados por bombeiros e tratados de igual forma aos restantes agentes de proteção civil", disse à Lusa o presidente da LBP.
António Nunes recusou que esta estrutura tenha sido criada à revelia do Governo e da ANEPC, uma vez que a pretensão dos bombeiros há muito que é conhecida e o comando nacional "não tem que ser instituído formalmente".
"Os bombeiros quando nasceram não nasceram formalmente. Os bombeiros há 150 anos não pediram autorização a ninguém para fazer a sua associação", afirmou, acrescentando que no último ano tentaram encontrar uma solução para que no âmbito da direção nacional de bombeiros, que existe na ANEPC e atualmente trata assuntos administrativos, passasse também a integrar os assuntos operacionais.
António Nunes explicou também que o Governo não está contra a criação desta estrutura, mas apenas considera que "não é o momento oportuno, nem é uma prioridade", existindo igualmente por parte da ANEPC a vontade para que este comando fosse criado daqui a 10 anos.
"Tem havido conversas de parte a parte, mas não há decisões, entendemos que os bombeiros têm a sua própria capacidade de realizar coisas e realizamos a coisa", sustentou.
A cerimónia de início de funções dos comandantes de bombeiros eleitos para comandantes regionais operacionais de bombeiros, para comandante nacional Operacional e para os seus dois adjuntos vai decorrer no sábado nos bombeiros voluntários de Pinhal Novo, Palmela.
Questionado sobre o que vão fazer na prática estes comandantes, o presidente da LBP respondeu que vão fazer parte da estrutura da AGIF que faz pareceres técnicos e deliberativos, vão decidir sobre a formação e vão começar a trabalhar sobre planos prévios de intervenção.
Na próxima semana, a LBP vai enviar para o Ministério da Administração Interna os nomes da nova estrutura e o regulamento de funcionamento do comandando nacional operacional dos bombeiros, além de pedir uma reunião com o ministro sobre este processo.
"A curto e médio prazo vai ser reconhecido que esta estrutura é uma mais-valia para a defesa da população e que se consegue gerir melhor os meios e prestar melhor socorro", referiu.
O comando nacional é uma estrutura de caráter voluntário e tem como diretor o comandante José Beleza, dos bombeiros de Barcelinhos, e como adjuntos o comandante de Ourém Guilherme Isidro (área de planeamento e operações), e comandante de Vale de Cambra Vítor Machado (Área de Logística e Administração).