Parlamento recomenda ao Governo que crie estratégia nacional para a endometriose
O parlamento aprovou hoje uma resolução que recomenda ao Governo que elabore uma estratégia nacional para a endometriose, uma doença ginecológica que se estima que afete cerca de 350 mil mulheres em Portugal.
O texto da Comissão de Saúde relativo aos projetos de resolução apresentados pela deputada única do PAN, Inês de Sousa Real, e pelas bancadas parlamentares do PS e do PSD foi aprovado, em votação final global, por unanimidade.
Além de definir a data de 01 de março como Dia Nacional da Endometriose e Adenomiose, a recomendação pretende que o Governo proceda à criação de um grupo de trabalho para a elaboração de uma estratégia nacional de combate à doença e para a melhoria da referenciação e acompanhamento das doentes.
Na prática, os deputados recomendaram que este grupo de trabalho avalie a criação de unidades de referência e que classifique a endometriose como uma doença crónica com impacto ao nível pessoal, profissional e financeiro na vida das pessoas que dela sofrem.
Além disso, a resolução prevê a eventual inclusão da endometriose e da adenomiose na lista de doenças graves que permitem o alargamento da idade para recurso à Procriação Medicamente Assistida e a possibilidade de recolha de ovócitos em mulheres diagnosticadas com essa patologia.
Recomenda também a implementação de programas para a sensibilização e informação na comunidade sobre a doença e possibilidade da emissão de `vales-cirurgia´ para hospitais privados de referência, sempre que a resposta no Serviço Nacional de Saúde seja insuficiente nesta área.
Um estudo divulgado em março estima que mais de 40% das mulheres com endometriose em Portugal demoram mais de dez anos a serem diagnosticadas devido à desvalorização dos sintomas, que impede que se controle atempadamente a doença.
Os dados resultam de um inquérito feito em 2022 pela Sociedade Portuguesa de Ginecologia, que aponta para a existência no país de cerca de 350 mil mulheres com a patologia, uma em cada 10 em idade fértil, a maioria entre os 30 e os 35 anos.
A dor incapacitante é a principal manifestação dos sintomas, mas também pode ser o aparecimento de massas pélvicas ou a dificuldade em engravidar.
Embora não haja forma de prevenir a doença inflamatória que resulta da implantação do endométrio fora da cavidade uterina, provocando quistos, nódulos, aderências, é possível controlá-la, por exemplo através da conjugação de hábitos de vida saudáveis com a terapêutica, normalmente um tratamento hormonal, não indicado para todas as doentes.