Situação de Carlos Pereira é exemplo dos "casos e casinhos" do Governo
O BE considerou hoje que a situação que envolve Carlos Pereira é mais um exemplo de um Governo "permanentemente envolvido em casos e casinhos" e considerou que faltam explicações do deputado socialista e da Caixa Geral de Depósitos.
"Este é mais um caso, mais um exemplo, mais uma situação de uma maioria absoluta que permanentemente está envolvida nos 'casos e casinhos', em toda uma forma pantanosa de gerir quer a coisa pública, quer a relação dos eleitos com a coisa pública, que desvia a atenção do essencial", frisou o líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, em declarações aos jornalistas no parlamento.
O líder parlamentar do BE lamentou que, numa altura em que se "enfrentam dificuldades económicas", seja através da perda do poder de compra ou dos preços da habitação, o país esteja a "discutir casos e 'casinhos'".
"É um Governo envolvido nos seus problemas internos e incapaz de dar resposta aos problemas sérios do país", criticou.
Sobre o caso concreto de Carlos Pereira, o líder parlamentar do BE referiu que, tanto o deputado do PS como a Caixa Geral de Depósitos (CGD) precisam de prestar mais esclarecimentos.
Pedro Filipe Soares recordou que Carlos Pereira esteve em "várias comissões de inquérito, algumas delas também relativas a créditos que a CGD tinha como malparado", e assinou "declarações dizendo que não tinha nenhum interesse na matéria".
"Essas declarações têm de ser cabalmente esclarecidas e o próprio deve dar respostas sobre as mesmas", disse, acrescentando que é preciso perceber se as informações contidas nesses documentos são verdadeiras ou não.
Já no que se refere à CGD, o líder parlamentar do BE considerou que o banco deve também garantir que houve imparcialidade em todo o processo.
Em função dessas explicações, que considerou não poderem "demorar mais do que umas horas", Pedro Filipe Soares adiantou que o seu partido irá decidir o que pretende fazer.
"Não excluímos chamar a CGD à Assembleia da República nem levar esta matéria à comissão [parlamentar da Transparência]. Mas esperamos que durante o dia de hoje haja algum esclarecimento de ambas as partes", frisou.
Questionado sobre se considera que a saída de Carlos Pereira da comissão de inquérito à TAP se impunha, o líder parlamentar do BE respondeu que "era mais ou menos inevitável".
"É incompreensível que tenha demorado tanto tempo, quando era óbvio para todos que era a única conclusão que poderia decorrer, até para não ser todo o trabalho da comissão de inquérito contaminado por esta participação", salientou.
O coordenador do PS na comissão de inquérito à TAP, Carlos Pereira, afirmou hoje que vai sair daquele órgão parlamentar para poder dar-lhe a "tranquilidade necessária", acabando com o que considerou um "clima de suspeição".
A decisão surge na sequência de uma notícia avançada na quinta-feira pelo jornal Correio da Manhã sobre um alegado perdão de parte (66 mil euros) de uma dívida de Carlos Pereira enquanto avalista de uma empresa que faliu em 2015.
O deputado do PS acrescentou que não sai da comissão porque "houve um perdão de uma dívida" da Caixa Geral de Depósitos, acrescentando que é "falso que tenha havido um perdão", favorecimentos ou incompatibilidades.