Líder do PS Madeira distancia-se da polémica em torno do deputado Carlos Pereira
Sérgio Gonçalves considera que o alegado favorecimento ao deputado socialista, no perdão de dívida pela CGD, é um "assunto estritamente pessoal"
O presidente do PS da Madeira e candidato a presidente do Governo Regional nas eleições que terão lugar no final do Verão deste ano, distancia-se da polémica em torno do deputado socialista Carlos Pereira, eleito pelo círculo da Madeira à Assembleia da República.
Questionado pelo DIÁRIO e pela TSF-Madeira sobre se o partido na Madeira fica fragilizado em ano de eleições regionais com as suspeitas de alegado favorecimento no perdão de dívida da Caixa Geral de Depósitos (CGD) a Carlos Pereira, assim como a decisão de afastamento da comissão de inquérito da TAP, onde o vice-presidente da bancada socialista em São Bento coordenava os deputados socialistas, Sérgio Gonçalves considerou que este é um assunto estritamente pessoal e nega que o PS Madeira saia beliscado.
Esta é uma questão que nada tem a ver com o PS da Madeira ou com a nossa actividade política. Trata-se de um assunto estritamente pessoal do deputado Carlos Pereira e apenas o próprio poderá dar as justificações que entender e quando entender" Sérgio Gonçalves, presidente do PS Madeira
Carlos Pereira, afirmou hoje que vai sair daquele órgão parlamentar para poder dar-lhe a "tranquilidade necessária", acabando com o que considerou um "clima de suspeição".
"Acho que o melhor que posso fazer é de facto abandonar a comissão parlamentar de inquérito, dar-lhe a tranquilidade necessária", afirmou Carlos Pereira, em conferência de imprensa na Assembleia da República, na qual esteve acompanhado pelo líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias.
O deputado socialista disse esperar que, com esta decisão, "se acabe com o clima de suspeição, insinuação, especulação" que considerou andar a pairar sobre a comissão de inquérito à TAP.
O deputado socialista acrescentou também que não o faz porque "houve um perdão de uma dívida" da Caixa Geral de Depósitos (CGD), acrescentando que é "falso que tenha havido um perdão", favorecimentos ou incompatibilidade na sua participação na comissão de inquérito àquele banco entre 2016 e 2017.
Sobre esta matéria, Carlos Pereira referiu que era apenas avalista da dívida, que disse ser de 100.908 euros, quando a CGD desencadeou a cobrança da mesma em 2022.
"É nessa altura que sou chamado a responder pessoalmente porque é essa a natureza dos avales. O avalista é chamado a responder por uma dívida que não é sua, mas à qual deu a sua garantia", frisou.
O deputado socialista reforçou assim que, até 2022, não tinha "qualquer dívida junto da CGD", mas acrescentou que, entre 2016 e 2021, houve vários momentos em que "foram diligenciados esforços" para resolver se definirem "modalidades de pagamento" junto do CGD.
Por outro lado, o deputado do PS defendeu que o banco não "concedeu qualquer perdão de dívida", referindo que o valor de 100 mil euros é definido, por um lado, tendo em conta que, após cinco anos desde o início da dívida, os juros prescrevem.
Por outro lado, "a segunda questão tem a ver com juros que decorrem pela inação da Caixa pelo esforço que os avalistas fizeram para pagar essa dívida e que não tiveram resposta. (...) Há juros que não são da responsabilidade dos avalistas e que são da responsabilidade da inação da Caixa", disse.
Questionado pelos jornalistas se não considera que o relatório da comissão de inquérito à CGD, em 2017, que o próprio elaborou, poderá ficar beliscado com estas revelações, Carlos Pereira salientou que não lhe parece "que haja algum risco de alguma consequência menos boa".
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