Human Rights Watch denuncia torturas e detenções ilegais
A Human Rights Watch (HRW) denunciou hoje detenções e torturas ilegais pelas forças russas a moradores da cidade ucraniana de Kherson e arredores, durante a ocupação da área entre março e novembro de 2022.
Na sua página de internet, a HRW denuncia um centro de tortura russo em Kherson, com detenção ilegal, tortura de civis durante a ocupação de 8 meses, baseando-se em testemunhos recolhidos.
As vítimas e familiares contaram à organização sobre a tortura e outros maus-tratos num centro de detenção pré-julgamento na rua Teploenerhetykiv em Kherson, que os residentes locais chamavam de "buraco", bem como um centro de detenção na rua Perekopska e instalações improvisadas no prédio da administração municipal, numa escola de aldeia e num hangar de aeroporto.
Foram relatados espancamentos com bastões e bastões de borracha, choques elétricos, ameaças de morte ou mutilação e uso de posições de stresse dolorosas, sem que fossem prestados cuidados médicos adequados aos detidos.
"As forças de ocupação russas praticaram torturas terríveis e outros abusos contra os residentes de Kherson no centro de tortura na rua Teploenerhetykiv e em vários outros centros de detenção", disse a pesquisadora da Human Rights Watch para a Ucrânia, Yulia Gorbunova.
"Os responsáveis por esses atos horríveis não devem ficar impunes e as vítimas e suas famílias precisam de receber reparação pelo seu sofrimento e informações sobre os desaparecidos", disse ainda, citada no comunicado da HRW.
A organização anuncia ainda terem surgido "novas evidências" de que as forças russas detiveram e torturaram ilegalmente pessoas nesse centro de tortura e noutras instalações em Kherson e arredores durante a ocupação da área entre março e novembro de 2022.
É considerado crime de guerra maltratar, torturar ou matar intencionalmente civis ou combatentes capturados, causar intencionalmente grande sofrimento ou ferimentos graves, ou deportá-los ou transferi-los ilegalmente.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia foi justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - e foi condenada pela generalidade da comunidade internacional.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.490 civis mortos e 14.244 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.