Artigos

O triste pagode socialista

Os políticos são humanos. Logo, se errar é humano, então, errar em política é também humano, e, como tal, aceitável. Porém, há uma grande diferença entre, por um lado, cometer falhas esporádicas e, por outro, insistir nos erros, mesmo quando se é avisado, vezes sem conta, para o equívoco do caminho e para a gravidade das suas consequências. Se, no primeiro caso, a falha passa, já, no segundo, a mesma indica a total inépcia da pessoa em causa para exercer as responsabilidades que lhe foram atribuídas.

O estado actual de coisas no nosso país não deixa dúvidas sobre o preço que temos vindo a pagar pela inegável incompetência governativa do PS nos últimos sete anos (isto, para nem trazer à reflexão as memórias de outros períodos em que os socialistas assumiram a liderança nacional). Nesta e noutras fases, o PS, fiel à sua identidade radical e autoritária, que lhe é aflorada por um dogmatismo ideológico que se revela como quase do domínio da fé, não tem hesitado minimamente em impor aquilo em que acredita, mesmo quando os resultados são perfeitamente desastrosos. E, convictos de que, um dia (não se sabe bem quando, nem como) os factos acabarão por lhes dar razão, os socialistas têm acumulado um currículo político que é, a todos os níveis, vergonhoso: uma economia anémica, um Sistema Nacional de Saúde em desagregação, um Sistema de Justiça que não funciona, um Sistema de Ensino em colapso, assimetrias sociais que se agravam, fronteiras descontroladas, estruturas de apoio social em modo de sobrevivência, habitação inacessível à esmagadora maioria dos cidadãos e forças policiais e de segurança a quem têm sido retirados os recursos que tanto precisam para nos proteger e servir a Nação.

É claro que, com isto, não pretendo afirmar que os partidos não-socialistas têm feito tudo bem e que não existem problemas nacionais aos quais não consigam dar resposta, seja em matéria de reforma do Estado ou de reforço da coesão nacional. Mas, o que é evidente e inegável é que o legado que tem vindo a ser edificado pelos socialistas e por aqueles que, com eles, têm partilhado, de forma assumida ou dissimulada, um projecto de poder é um de salários baixos, preços altos, impostos insuportáveis e vida sem dignidade – tudo à imagem do que se passou nos países onde a experiência socialista se fez, com a Venezuela à cabeça.

Porque o caminho pelo qual vamos é cada vez mais sinuoso e acidentado, esperava-se que o governo da República e o PS que o sustenta tivessem o bom senso e a humildade de tentar fazer diferente ou de, pelo menos, ouvir quem sugere uma via alternativa. Mas a sua atitude não poderia ser mais diferente, e, do alto da sua sobranceria política, têm optado por passar o tempo a chamar de ‘fascistas’ àqueles que, na realidade, estão, acima de tudo, fartos – do país, do sistema, das desigualdades, da mediocridade, da banca impiedosa, da corrupção, da impunidade, dos amiguismos, dos compadrios, do servilismo, das cunhas, dos Josés Sócrates deste país, dos Ricardos Salgado deste país, dos Marques Lopes deste país, das Rosas Grilo deste país, dos Joes Berardo deste país, dos Henriques Granadeiros deste país, do PS do dogmatismo cego, do PSD da covardia e da comunicação social vendida.

Estes ‘fascistas’ – e são cada vez mais! – não nasceram do betão da esquina, nem das ervas do campo. Eram do PSD, eram do CDS, eram do PCP, eram do Bloco, eram do PS e eram até abstencionistas. Será que, quando não faziam ouvir a sua voz ou não tinham ninguém que por eles falasse ou, até, votavam noutros partidos, já eram ‘fascistas’? Ou só se tornaram ‘fascistas’ quando passaram a exigir um país melhor e mais responsável?

A cada dia de socialismo que passa, Portugal perde – e é precisamente por isso que o nosso empobrecimento se vai acentuando, pois, na verdade, o PS não passa disso: uma máquina voraz de fazer pobreza. Porque o país e os seus cidadãos merecem muito melhor, é mais que tempo de reconhecer o fim do socialismo como modelo político para a gestão da Causa Pública, e, em nome do interesse colectivo, remete-lo para o seu devido lugar, nas páginas mais infelizes e esquecidas da democracia portuguesa.