FBI suspeita de militar dos EUA Jack Teixeira na fuga de documentos confidenciais
As autoridades norte-americanas querem interrogar Jack Teixeira, um membro da Guarda Aérea Nacional, de Massachusetts, suspeito de ter divulgado documentos confidenciais do Pentágono.
Os investigadores do FBI acreditam que este militar, especialista em informações, era o administrador de um grupo nas redes sociais digitais onde os documentos começaram a ser divulgados, na passada semana.
Jack Teixeira, de 21 anos, natural de Swansea, estado de Massachusetts, deverá prestar declarações por suspeita de divulgação de documentos confidenciais.
De acordo com o jornal The New York Times, agentes do FBI já estão a fazer buscas na casa do militar, que seria o administrador de um grupo na rede social Discord -- uma plataforma de jogos 'online' -- que reúne cerca de três dezenas de pessoas, a maioria jovens que partilham o gosto por armas e videojogos.
O Departamento de Defesa ainda não confirmou a identidade do suspeito, limitando-se a emitir um comunicado em que reconhece que há "uma investigação sobre o alegado papel desempenhado por um soldado da Guarda Aérea Nacional na divulgação de documentos altamente confidenciais".
Horas antes, as autoridades dos EUA tinham informado que estavam mais perto de descobrir a origem da fuga de documentos militares confidenciais, com dados sensíveis sobre a guerra na Ucrânia.
O Departamento de Justiça norte-americano e o FBI estão há vários dias a investigar a origem da fuga de informações confidenciais do Pentágono, que foi relatada pela primeira vez na passada semana.
No início desta semana, um porta-voz do Pentágono reconheceu que as revelações feitas por esses documentos representam um "risco muito sério para a segurança nacional", e o Departamento de Justiça abriu uma investigação para identificar a pessoa responsável.
"Estamos cada vez mais perto (de descobrir a origem da fuga)", admitira já hoje o Presidente Joe Biden, acrescentando que, embora estivesse preocupado com a divulgação de documentos confidenciais, não há nada neles que considere "de grande importância".
As autoridades norte-americanas admitem que a fuga tenha começado na Internet, na Discord, uma plataforma de redes sociais popular entre pessoas que jogam 'online'.
A Discord acolhe 'chats' de voz, vídeo e texto em tempo real para grupos e descreve-se como um 'site' "onde se pode pertencer a um clube escolar, um grupo de jogos ou uma comunidade artística mundial".
Num desses fóruns - originalmente criado para tratar de diversos assuntos - os membros debatiam a guerra na Ucrânia, quando um membro não identificado compartilhou documentos que alegou serem classificados.
Esses documentos acabariam por ser reconhecidos como contendo informações confidenciais do Pentágono.
A pista digital deixada na Discord está a ajudar os investigadores a descobrir quem revelou os documentos, tendo levado até ao administrador do grupo, Jack Teixeira.
Na maioria das fotografias de documentos divulgados, as fotos são de cópias em papel que parecem ter sido dobradas em quatro -- como se tivessem sido enfiadas no bolso e depois digitalizadas, o que poderá servir de pista para a investigação.
Nos dias a seguir à revelação dos documentos, o Pentágono remeteu para o Departamento de Justiça a investigação sobre a origem da fuga, alegando que se tratava de uma questão criminal
Mesmo que a pessoa que procedeu à divulgação dos arquivos seja um membro ativo das Forças Armadas dos EUA -- como parece ser o caso, com o nome deste membro da Guarda Aérea Nacional - o Departamento de Justiça manterá a condução das investigações, até que, perante essa hipótese, a situação seja comunicada ao Departamento de Defesa.
Foi assim que sucedeu em casos criminais anteriores envolvendo militares, como quando dois fuzileiros navais de Camp Pendleton, na Califórnia, foram detidos por acusações de tráfico de drogas, em 2020.