Parlamento russo aprova convocação electrónica de recrutas e reservistas
A câmara alta do parlamento russo aprovou hoje um projeto de lei que permite às autoridades russas emitir convocatórias para recrutas e reservistas através de um sistema eletrónico, em plena ofensiva militar na Ucrânia.
A votação no Conselho da Federação foi a derradeira etapa necessária antes de o projeto de lei seguir para a assinatura do Presidente russo, Vladimir Putin.
Os deputados da câmara baixa do parlamento russo, a Duma, tinham aprovado a medida na terça-feira, numa altura em que os militares russos se preparam para uma anunciada contraofensiva ucraniana, manobra que os aliados ocidentais de Kiev acreditam que possa acontecer nas próximas semanas.
As atuais regras do serviço militar da Rússia exigem a entrega presencial de notificações aos recrutas e reservistas convocados para prestar serviço.
No passado, muitos russos elegíveis de prestar serviço militar evitaram a receção do documento, mantendo-se longe das suas moradas de registo. A nova modalidade de notificação agora aprovada deverá resolver este problema das autoridades russas.
De acordo com o novo projeto de lei, os avisos emitidos pelos cartórios militares locais continuarão a ser enviados por correio, mas serão considerados válidos a partir do momento em que forem colocados num portal estadual de serviços eletrónicos.
Os destinatários que não comparecerem à chamada serão proibidos de deixar a Rússia, ficarão com as cartas de condução suspensas e serão impedidos de vender as suas casas e outros bens pessoais.
Apesar desta nova legislação, as autoridades russas garantem que não está prevista uma nova vaga de mobilizações.
O porta-voz do Kremlin (Presidência russa), Dmitri Peskov, explicou que o projeto de lei se tornou necessário para simplificar o sistema de recrutamento, que estava obsoleto e que revelou falhas na capacidade de mobilização.
Em setembro passado, Vladimir Putin anunciou uma "mobilização parcial" abrangendo cerca de 300.000 reservistas com "experiência militar", após uma contraofensiva comandada por Kiev que pressionou as forças russas no leste da Ucrânia.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).