Julgamento do ‘Caso do Monte’ começou muito devagarinho
Durou pouco mais de meia hora a primeira sessão do julgamento dos dois arguidos no processo relacionado com a queda da árvore que matou 13 pessoas no arraial do Monte. A tragédia foi já há quase seis anos e o processo criminal corria mesmo o risco de prescrever, mas nem por isso foi muito produtiva a audiência desta manhã, no tribunal do Funchal (Edifício 2000).
A sessão serviria para ouvir os dois arguidos e as primeiras duas testemunhas. Acontece que tanto a ex-vice-presidente da Câmara do Funchal Idalina Perestrelo como o chefe da divisão de espaços verdes urbanos da autarquia Francisco Andrade não compareceram em tribunal. A primeira apresentou atestado médico e o segundo está ausente do país. Por outro lado, a tramitação do processo foi tão demorada que uma das primeiras testemunhas faleceu.
Por isso, esta manhã, o colectivo de juízas presidido por Joana Dias limitou-se a ouvir o breve testemunho de Clara Gomes, uma senhora residente em S. Roque, cujo marido morreu aos 52 anos no fatídico 15 de Agosto de 2017, tendo um seu filho ficado ferido no acidente. A testemunha descreveu que o marido era o principal sustento da casa, pois trabalhava como servente de pedreiro e agricultor. Já o filho, que tinha 14 anos, ficou ferido e esteve um mês internado no Hospital Dr. Nélio Mendonça, com um braço partido e lesões no baço. Ainda hoje queixa-se de dores. Clara explicou que pai e filho tinham ido colocar velas a Nossa Senhora do Monte. A tragédia deixou-a traumatizada: “Nunca mais fui lá, nem quero ir”.
O julgamento prossegue esta tarde, com a audição de mais cinco testemunhas. Ficaram ainda agendadas sessões para os dias 26 e 27 de Abril. Nas manhãs destes dois dias os arguidos deverão prestar declarações, que serão “breves”, segundo informaram os respectivos advogados. A acusação arrolou 52 testemunhas para este julgamento.