Mundo

Presidente dos EUA chegou à Irlanda do Norte para tentar impulsionar paz

None
Foto Pool

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, aterrou hoje em Belfast para uma visita inferior a 24 horas na Irlanda do Norte para marcar o 25.º aniversário do acordo de paz e tentar romper o impasse político na região. 

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, recebeu Biden no aeroporto de Belfast, mas uma reunião bilateral entre os dois só está marcada para quarta-feira.  

Após cumprimentar e trocar algumas palavras com vários representantes à saída do avião presidencial, Biden entrou no veículo oficial e seguiu para o hotel onde vai passar a noite. 

De acordo com a imprensa britânica, o chefe de Estado norte-americano também pediu um encontro com líderes dos cinco principais partidos da Irlanda do Norte: Partido Democrata Unionista (DUP), Sinn Féin, o Partido Unionista do Ulster, o Partido Social Democrata e Trabalhista e o Partido da Aliança.

Tendo em conta que a assembleia de Stormont está suspensa devido a um boicote do DUP, Biden fará em alternativa um discurso na universidade Ulster University antes de partir ao início da tarde para Dublin, onde permanecerá até sábado. 

A visita à província britânica acontece num contexto de tensão política e fortes medidas de segurança. 

Hoje, a polícia disse ter encontrado quatro bombas improvisadas num local próximo de onde engenhos incendiários artesanais ('cocktails molotov') foram arremessados na segunda-feira por simpatizantes republicanos contra veículos das forcas de segurança. 

No final de março, as autoridades aumentaram o nível de alerta há duas semanas devido ao maior risco de atentados terroristas e reforçaram o dispositivo policial com agentes de outras partes do Reino Unido. 

O Acordo de Belfast, assinado em 10 de abril de 1998 e também conhecido por Acordo de Sexta-Feira Santa, foi mediado pelos Estados Unidos após intensas negociações. 

O acordo pôs fim à violência sectária entre republicanos, maioritariamente católicos, favoráveis à reunificação com a Irlanda e unionistas, maioritariamente protestantes, empenhados em permanecer no Reino Unido.

O conflito durou três décadas e causou cerca de 3.500 mortos e 40.000 feridos.

Porém, as instituições políticas descentralizadas criadas na sequência do acordo para unir as comunidades estão paralisadas há mais de um ano devido a divergências relacionadas com a saída britânica da União Europeia.

O DUP recusa viabilizar a assembleia e governo regionais enquanto não forem alterados os acordos comerciais pós-Brexit que deixam o território sujeito a várias regras europeias para evitar uma fronteira física com a República da Irlanda, uma condição do processo de paz.

Na república da Irlanda, o programa de Biden inclui encontros políticos e visitas a locais de onde são originários os antepassados.

A família de Joe Biden emigrou, como tantas outras, da Irlanda em meados do século XIX para fugir à fome que assolava o país, e acabou por se estabelecer na Pensilvânia.

Na quinta-feira, o presidente dos EUA tem encontros marcados com o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, o presidente, Michael D. Higgins, e vai fazer um discurso no parlamento.

Na sexta-feira, o presidente norte-americano vai deslocar-se até ao Condado de Mayo, onde tem raízes familiares, e fará um discurso na Catedral de Saint Muredach.