Kiev faz apelo urgente aos aliados para reforçarem envio de armamento
O assessor da Presidência ucraniana, Mykhailo Podolyak, fez hoje um apelo aos países aliados para que esqueçam as informações reveladas em documentos secretos dos Estados Unidos e intensifiquem o fornecimento de armamento para as forças ucranianas.
"Necessitamos de menos contemplação pelas filtragens e de mais armas de longo alcance com o objetivo de terminar a guerra de forma adequada e fazer com que a Federação Russa enfrente a realidade", disse Podolyak numa mensagem publicada na rede social Twitter.
As palavras do assessor do Presidente Volodymyr Zelensky estão a ser encaradas como uma crítica aos países aliados da Ucrânia, que, na perspetiva de Mykhailo Podolyak, optaram nos últimos dias focar atenções nas novas informações provenientes de documentos dos serviços secretos norte-americanos (divulgados na Internet) em detrimento de tentarem contribuir para acelerar o fim do conflito, com vista a uma decisiva vantagem ucraniana no terreno.
"Se tivéssemos tempo, poderíamos ver como se desmorona a Federação Russa, e como as suas 'elites' se devoram entre si. Mas não temos, já que a nossa gente está a morrer", disse Podolyak.
Na segunda-feira, o Pentágono (Departamento de Defesa norte-americano) considerou que a fuga de documentos classificados norte-americanos, designadamente relacionados com a Ucrânia e que na sua maioria parecem ser autênticos, coloca um risco "muito grave" para a segurança nacional dos Estados Unidos.
O facto de estes documentos estarem a circular na Internet implica "um risco muito grave para a segurança nacional e podem potencialmente alimentar a desinformação", indicou na ocasião aos 'media' Chris Meagher, um porta-voz do Pentágono.
Os documentos, divulgados na semana passada por meios de comunicação social como o jornal The New York Times, incluem avaliações e relatórios das agências de informações norte-americanas relacionados com a guerra na Ucrânia, mas também com os aliados dos Estados Unidos.
"A cooperação interagências foi iniciada para avaliar o impacto [que a fuga] destes documentos poderá ter na segurança do país e dos nossos aliados e parceiros", disse outra porta-voz do Pentágono, Sabrina Singh.
Divulgados em redes sociais, os documentos podem mostrar-se valiosos para Moscovo, ao permitirem saber até que ponto os serviços secretos norte-americanos penetraram em partes do aparelho militar russo, de acordo com meios de comunicação social norte-americanos.
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que abriu uma investigação no sábado, está a tentar identificar a fonte da fuga e está a examinar a validade dos documentos divulgados.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia -- foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.