Lula pede optimismo, defende programas sociais e democracia nos 100 dias de governo
O Presidente do Brasil, Lula da Silva pediu, esta segunda-feira, otimismo à sua equipa e exaltou o regresso de programas sociais e da democracia citando atos violentos de apoiantes do ex-presidente Jair Bolsonaro, no balanço de 100 dias de Governo.
Numa reunião ministerial, em Brasília, Luiz Inácio Lula da Silva pediu à sua equipa para atuar com otimismo e defendeu: "Ninguém acredita num Governo que acorda todo dia [e diz]: O PIB [Produto Interno Bruto] não vai crescer, ah porque a economia não está muito boa, ah porque o FMI [Fundo Monetário Internacional] disse tal coisa, porque o Banco Mundial disse tal coisa ou porque o mercado financeiro disse tal coisa".
"Olha, se a gente for governar pensando nisso, é melhor desistir. É importante que essa gente fale para a gente fazer diferente do que eles querem que a gente faça", acrescentou.
Misturando um discurso escrito com declarações de improviso, o chefe de Estado brasileiro disse que o Brasil voltou a ter um Governo que se "espelha no povo brasileiro".
"O Brasil voltou a olhar para o futuro. Olhar para o futuro significa investir em rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, geração e transmissão de energia, conectividade, expansão do pré-sal, energia solar e eólica, entre outras iniciativas que irão colocar outra vez o Brasil no rumo do desenvolvimento", apontou.
Lula da Silva citou o programa Mais Médicos, lançado no Governo da ex-presidente Dilma Rousseff e que foi relançado nesta nova gestão, e outros programas sociais como o Bolsa Família enquanto marcas deste que é seu terceiro mandato presidencial.
O governante brasileiro mencionou ações de combate à violência contra as mulheres e a desigualdade de género no mundo do trabalho, já propostas por sua equipa, e defendeu que "não se constrói um país verdadeiramente desenvolvido sobre as ruínas da fome, dos ataques à democracia, do desrespeito aos direitos humanos e das desigualdades de renda, raça e género".
O chefe de Estado elogiou o trabalho do ministro das Finanças, Fernando Haddad, e o projeto do novo marco fiscal que apresentou.
Em tom menos enfático, o Presidente brasileiro fez questão de reforçar críticas à taxa de juros no país, atualmente em 13,75%, afirmando que continua a achar a taxa elevada e que aqueles que mantêm esta política, ou seja, os membros do Banco Central, "estão brincando com o país".
Nesses 100 dias de Governo, um dos principais embates de Lula da Silva foi com o Banco Central e o seu dirigente, Roberto Campos Neto, por causa da taxa de juros.
Sobre meio ambiente, uma das principais bandeiras de sua campanha eleitoral, o governante disse que o Brasil voltou a cuidar dos povos originários ao criar o Ministério dos Povos Indígenas e a realizar ações emergenciais para interromper o estado de calamidade no território Yanomami que foi invadido por milhares de mineradores.
Num momento em que falava de improviso, Lula da Silva criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro, apoiado pela extrema-direita, a quem se referiu como "aquele cidadão", considerando os repetidos "crimes" contra "democracia, mulheres, negros, governadores regionais" e o Supremo Tribunal Federal enquanto esteve no poder, entre 2019 e 2022.
Da mesma forma, Lula da Silva acusou Bolsonaro de gastar milhões do Orçamento do Estado para tentar em vão a sua reeleição em outubro passado numa campanha que considerou ter sido pensada para "perpetuar o fascismo" no Brasil.
O governante também fez referência aos ataques perpetrados por extremistas em 08 de janeiro, quando "um grupo de reacionários e fascistas", seguidores de Bolsonaro, assaltaram e destruíram os gabinetes da Presidência, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal com o objetivo de derrubar o novo governo.
"Eles não queriam sair do poder, não queriam acatar o resultado eleitoral depois dos milhões do orçamento que foram usados ??para ganhar as eleições", disparou Lula da Silva.
A reunião ministerial juntou todo o gabinete do Governo brasileiro no Palácio do Planalto para um balanço dos primeiros 100 dias de Governo e reforçar as diretrizes para os outros "1.360 dias" que ainda restam para "continuar reconstruindo" o país.