Verdades desportivas
Muitos murmúrios surgiram depois da vitória da Associação Desportiva de Machico por falta de comparência do pouco estimado Guarda Desportiva Futebol Clube. Sendo eu membro da família Maritimista, e portanto adepto do “esquecidinho” Marítimo B, mas sobretudo adepto da verdade desportiva (seja ela qual for), venho aqui explicitar algumas verdades desportivas:
1) Para (in)fortúnio dos machiquenses, a falta de comparência, de acordo com o regulamento, garante 3 pontos e 3 golos. Embora necessários, esses pontos não conquistaram a Machico nenhum lugar na tabela classificativa, continua, portanto, atrás da Associação Desportiva da Camacha que está atrás do Futebol Clube de Alpendorada que está atrás do histórico Leça Futebol Clube, este último atualmente a “vencer” na fuga à despromoção. Mais, abaixo de Machico estão 3 clubes, incluindo a Guarda Desportiva, com a descida garantida há muito tempo.
2) Como consequência da primeira verdade, surge que a adequada aplicação do regulamento respetivo à falta de comparência não prejudicou absolutamente nenhum clube da série B do Campeonato de Portugal. De forma algo irónica, pode vir a ser que os 3 golos “oferecidos” a Machico, possam vir penalizadores. Marcar mais de 3 golos à Guarda Desportiva não é incomum, sendo que nas duas jornadas anteriores o Leça teve a oportunidade de marcar 5 (assim ampliando em 4 a sua diferença de golos) e a já despromovida Associação Desportiva de Castro Daire espetou 4 golos. Não seriam os machiquenses que derrotaram o Boavista capazes de uma goleada?
3) Em termos financeiros, qualquer poupança conseguida através desta falta de comparência da Guarda Desportiva será abatida pela coima de 4 mil euros aplicada pela Federação Portuguesa de Futebol.
4) Sabendo que nenhum clube que não Machico poderá a vir ser desportivamente prejudicado por esta falta de comparência, que ainda não tem explicação oficial por parte da Guarda Desportiva, é pertinente observar os vários sussurros surgidos em jornalecos nacionais, sobretudo oriundos de altos dirigentes do outro 3 clubes que lutam pela manutenção. Em resposta a esses badamecos que envenenam o desporto rei: como acima é demonstrado, não é estritamente violada a verdade desportiva; o conhecimento do calendário não ajuda a organizar viagens de comitivas dado que é impossível saber com grande antecedência os convocados (como qualquer clube do Campeonato bem sabe); a manutenção dos machiquenses continua a estar fora do seu controlo.
5) Surgiram também cochichos que ressuscitam a memória do século passado do embate desvirtuoso entre a Guarda e Machico. Mais uma aldrabice pois a verdade é que esta Guarda Desportiva foi fundada em 2003.
6) Nenhuma má-língua levantou a voz quando neste mesmo Campeonato, o atual líder na luta pela manutenção, o Leça, decidiu enfrentar duas vezes num mês o já despromovido Castro Daire.
Resta agora ao meu Marítimo (B) repor estas verdades desportivas, tendo nas duas últimas jornadas embates marcados tanto com Machico como contra a Camacha. Ficam então as seguintes verdades (não desportivas):
I) Os dirigentes da Camacha preferem juntar-se aos cubanos e antes atacar os machiquenses inocentes do que o Leça que com batota os bate na luta pela manutenção.
II) Origem de todos os males está no corte de 50% do subsídio do Governo Regional a Machico, apenas por ter sido segundo classificado no Regional. Para o executivo, Machico só deve fazer metade dos jogos do Campeonato de Portugal. Tivessem os outros 50% e se calhar não estavam em vias de descer.
III) Se o Marítimo (A) descer e a Camacha e Machico também, será mais um ano negro para o desporto madeirense.
IV) Se o Marítimo (B) não derrotar ou Machico ou a Camacha, os cubanos vão levantar a voz em uníssono contra todos os madeirenses, como já antes se sucedeu (2015/2016). Os dirigentes daqui vão andar à bulha e o Governo Regional vai encolher os ombros, confuso…
E para o ano (não) há mais.
Sidónio Silva