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Justiça russa condena dois homens a 19 anos de prisão por ataque a edifício municipal

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A justiça russa condenou hoje dois homens a 19 anos de prisão pelo arremesso de um engenho incendiário artesanal (cocktail molotov) contra um edifício municipal na região de Chelyabinsk, Urais, em protesto contra a mobilização parcial para a Ucrânia.

O tribunal militar de Yekaterinburg acusou os dois indivíduos de cometerem um ataque terrorista como parte de um grupo organizado na cidade de Bakal.

Esta é a mais grave condenação por um ataque contra um edifício municipal, onde funcionava um gabinete de recrutamento militar, desde o início da invasão russa da Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, de acordo com organizações de defesa de Direitos Humanos.

"É possível que esta acusação severa e infundada seja motivada pelo facto de as pessoas pertencerem a um ambiente relativamente leal ao poder", explicou a Zona Solidarnost, uma organização pacifista, citada pelo portal digital Medusa.

Os dois condenados são elementos da Room 32, uma banda de música rock, mas Alexei Nuriev trabalha ainda no Ministério de Situações de Emergência e Roman Nasriev era ex-motorista de uma empresa ligada à Guarda Nacional.

Segundo a acusação, os dois homens atacaram o prédio em outubro do ano passado. Na altura, o incêndio provocado pelo cocktail molotov foi rapidamente extinto pelos seguranças do edifício.

Os dois homens - que foram detidos horas depois do ataque e inicialmente apenas acusados de danificar bens públicos - nunca negaram as ações, embora neguem ter cometido um ato terrorista.

Roman Nasriev assegura que o ataque foi um ato de protesto contra a mobilização parcial ordenada em setembro de 2022 pelo Presidente russo, Vladimir Putin, dada a premente falta de soldados na frente ucraniana.

Em meados de março, a justiça russa condenou um jovem de 22 anos a 13 anos de prisão por tentar incendiar um centro de recrutamento na região de Moscovo.

De acordo com o jornal digital Mediazona, desde o início da intervenção militar russa no território ucraniano, pelo menos 74 ataques foram cometidos com o objetivo de incendiar centros de recrutamento.

Em setembro passado, Vladimir Putin anunciou uma "mobilização parcial" abrangendo cerca de 300.000 reservistas com "experiência militar".

A ofensiva militar russa no território ucraniano mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).