Análise

Três maus exemplos

Cabe ao PSD-M definir de forma clara e firme se aceita ou não a companhia de um partido que não respeita os valores da democracia

1. O navio Mondego é o espelho do País em várias frentes e sectores. O País que tem falhado nos domínios da Saúde, da Educação e também nas Forças Armadas. Que continua a meter água, apesar de ter uma maioria política sólida ao leme. Se não vejamos, olhando para algumas inevitabilidades do quotidiano: o cabaz alimentar anunciado com pompa pelo primeiro-ministro não passa de marketing político para enganar incautos. O Governo decide isentar de IVA um conjunto reduzido de alimentos – não se percebe por que motivo ficaram de fora, por exemplo, os produtos de higiene – não adaptando a medida às especificidades regionais. A legislação só entra em vigor a meados do mês, mas não vai fazer a diferença na carteira do consumidor, como rapidamente todos vão perceber. A ajuda não deveria ser pontual, deveria ser permanente e em sede de IRS. Aí sim, os portugueses teriam mais dinheiro no bolso para fazer face ao aumento brutal do custo de vida. O preço dos produtos alimentares subiu mais de 20% no último ano. E vai continuar a aumentar, se não se optar por uma fixação de preços, ainda que alvo de constante revisão, obviamente, como acontece com os combustíveis.

Também aqui o governo age como tem agido com o ‘Mondego’, colocando pensos-rápidos nas consecutivas avarias, quando o problema é bem mais denso e complexo, dificultando a que se chegue a porto seguro.

Do debate em torno das medidas colocadas em prática para mitigar os efeitos da inflação, o Governo Regional pode também fazer mais e melhor. Ainda tem margem para baixar os impostos, sem comprometer a linha vermelha das contas certas. A situação social exige maior arrojo de ambos os governos.

2. Um perigo para o País e para a democracia é tudo o que defende o inenarrável líder do Chega, homem de sete ofícios que quer tomar de assalto o Governo Regional, para efectuar a “limpeza de que a Região precisa”. André Ventura é, provavelmente, o político mais demagogo do Portugal democrático. É um verdadeiro catavento, um oportunista que tenta sempre surfar a onda para espalhar a confusão e daí retirar dividendos. A reacção ao lamentável ataque no Centro Ismaili, em Lisboa, foi apenas uma pequena amostra do que defende Ventura e seus amigos: discurso de ódio próprio de uma extrema-direita atrevida que vem galgando terreno por essa Europa fora. É esse mesmo Ventura que quer reunir em Lisboa os fascistas mais conhecidos do planeta, o mesmo que pretende constituir um grupo parlamentar na Assembleia Legislativa da Madeira em Outubro próximo e integrar o governo da Região. Cabe ao PSD-M definir de forma clara e determinada se aceita ou não a companhia de um partido que não respeita os valores da democracia nem da dignidade humana.

3. Os deputados da Assembleia Legislativa decidiram manter o benefício de usufruírem de duas semanas de férias na Páscoa. Enquanto na Assembleia da República os trabalhos em plenário avançam pela Semana Santa dentro, por cá não se vê motivos para tal e entre 29 de Março e 11 de Abril não há nada de relevante na agenda. Já se percebe por que motivo tantos brigam para integrar as listas ao parlamento regional…

Um mau hábito que a Casa da Democracia insiste em manter sem qualquer pudor.