As competências humanas e o futuro do trabalho
Embora não haja como negar a incerteza do futuro, não devemos perder a oportunidade de nos prepararmos para ele
A rápida expansão tecnológica e a introdução da inteligência artificial (IA) nos sistemas informáticos das empresas, estão a causar mudanças importantes no mercado de trabalho. Estes momentos vêm sempre cheios de oportunidades, mas também criam alguns obstáculos e inúmeros desafios. À medida que a digitalização e a IA assumem relevo nas empresas, as funções técnicas serão automatizadas e facilmente substituídas por máquinas. Serão as competências centradas no ser humano, como a criatividade, a resolução de problemas, o pensamento crítico, a agilidade cognitiva e a empatia, que se irão tornar diferenciadoras e essenciais para o sucesso das pessoas num mercado de trabalho que se afigura muito diferente do atual.
Os empregadores reconhecem a importância do poder do propósito para promover o compromisso, e da motivação para atingir objetivos partilhados e criar uma cultura de trabalho de alto desempenho. Colaboradores com foco e propósito, servem de inspiração para os colegas, incentivam a colaboração e priorizam o seu próprio bem-estar. Eles ajudam a criar ambientes inclusivos, que atraem e retêm pessoas talentosas, e investem no sucesso da sua organização.
No entanto, a grande maioria dos sistemas de ensino continuam a priorizar a transferência de conhecimento, a memorização e os testes padronizados, negligenciando todas as competências centradas no ser humano. Portanto, é imperativo procurarmos ativamente atividades capazes de desenvolver essas competências. Isto requer reflexão, propósito e ação para as colocar em prática.
O foco deverá estar centrado em competências soft como, (i) a capacidade de se adaptar rapidamente a novas situações, tecnologias e ambientes, (ii) a capacidade de compreender e gerir as próprias emoções, bem como as emoções dos outros, (iii) a capacidade de apresentar ideias novas e inovadoras, (iv) a capacidade de analisar e avaliar informações para tomar decisões informadas, (v) a capacidade de usar e entender tecnologias e ferramentas digitais, (vi) a capacidade de trabalhar de forma eficaz com outras pessoas em diversas equipas, (vii) a capacidade de comunicar de forma clara e eficaz, e (viii) a capacidade de continuar a aprender para acompanhar o ritmo de mudança que nos é imposto.
Quando temos um propósito e procuramos oportunidades alinhadas a ele, envolvemo-nos em atividades que nos podem trazer resultados inesperados. Desta forma, tornamo-nos mais ágeis, mais adaptáveis, e vamos, com toda a certeza, beneficiar das novas perspectivas que essas experiências nos trarão.
Embora não haja como negar a incerteza do futuro, não devemos perder a oportunidade de nos prepararmos para ele, de forma a diminuir a lacuna entre o nosso propósito de vida e o futuro profissional. Temos o poder de o moldar, desenvolvendo as competências que se tornarão diferenciadoras no futuro mercado de trabalho. Comparada com as velhas certezas, esta perspetiva é sem dúvida muito mais atraente.