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Arcebispo de Évora diz que Igreja deve pagar indemnizações se for condenada

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O arcebispo de Évora, Francisco Senra Coelho, defendeu hoje que, se a Igreja Católica for condenada pela justiça, "tem que indemnizar" quem sofreu abusos sexuais, mas deve estar sempre ao lado das vítimas.

"Se a Igreja, como instituição, tiver responsabilidades e for chamada a indemnizar, claro que tem que indemnizar. Quanto? É o poder judicial que o diz", afirmou o prelado alentejano, ao ser questionado pelos jornalistas em Évora.

Senra Coelho, que prestava declarações na sua residência, explicou que, em termos jurídicos, "é o Tribunal que define a indemnização", insistindo que, "se a Igreja tiver, num julgamento, que indemnizar, claro que tem que indemnizar".

"Se me pergunta se a igreja tem que apoiar, tem que ajudar a vítima, tem que estar com o sofrimento da vítima, não é Igreja se não fizer", assinalou.

Esse apoio, através do pagamento de uma "operação, consultas ou levar a pessoa a um médico no estrangeiro, se for preciso", exemplificou o prelado alentejano, "não é uma indemnização no sentido estrito do termo jurídico".

O arcebispo de Évora falava no dia em que foi divulgado o afastamento cautelar de um padre de funções e a abertura de uma investigação a uma denúncia de alegados abusos de menores pelo sacerdote, na década de 1980, no Seminário Menor de São José, situado em Vila Viçosa.

Questionado pela Lusa, esta semana, o advogado Miguel Matias considerou, acerca dos abusos sexuais na Igreja Católica, que se uma instituição tiver um dever concreto de vigilância e proteção de crianças pode ser responsabilizada, se não tiver tomado as medidas adequadas.

Na sexta-feira, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), José Ornelas, remeteu eventuais indemnizações às vítimas de abusos sexuais para os seus autores, indiciando que não haverá lugar a indemnizações por parte da instituição.