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Activistas indignam classe política alemã com acção junto ao Bundestag

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Foto DR, https://twitter.com/RitaYaeli/status/1632007843493675008

Ativistas ambientais borrifaram ontem um líquido preto num monumento onde estão gravados os artigos da Constituição alemã, próximo do Bundestag (câmara baixa do parlamento), em Berlim, um ato que indignou a classe política.

"Um monumento com a nossa Constituição foi manchado, não entendo e isto deixa-me irritada", disse, num comunicado, a presidente do Bundestag, a social-democrata Bärbel Bas.

O partido Os Verdes, aliados governamentais dos sociais-democratas e dos liberais, condenaram igualmente a ação, tal como os conservadores da oposição.

"A Constituição encarna a liberdade, a democracia e o Estado de Direito. Nunca deve ser manchada", afirmou o ministro da Justiça, o liberal Marco Buschmann, na rede social Twitter.

O grupo Letzte Generation (Última Geração), na origem de várias ações radicais de sensibilização para o aquecimento global, publicou um vídeo nas redes sociais que mostrava pessoas com coletes laranjas a borrifarem um líquido preto nalguns dos painéis de vidro de três metros de altura contendo gravados os artigos da Constituição.

Em seguida, colavam cartazes com a interrogação "Petróleo ou direitos constitucionais?". A natureza do líquido não foi ainda identificada, segundo a polícia, que indicou à agência noticiosa AFP que foram identificados seis ativistas contra os quais foram apresentadas queixas.

Os ativistas quiseram protestar contra o uso continuado de combustíveis fósseis pela Alemanha e lembrar o Governo do seu dever constitucional de agir, uma vez que o país ambiciona a neutralidade carbónica apenas em 2045.

O monumento vandalizado é uma obra do artista plástico israelita Dani Karavan e tem o nome de "Grungesetz 49" (Lei-Base 49), numa referência à lei constitucional aplicada na Alemanha ocidental em 1949.

O grupo Letzte Generation tem estado envolvido em diversas ações de desobediência civil, como o bloqueio de estradas e a vandalização de quadros expostos em museus.

As iniciativas podem ter consequências legais depois da abertura, no final de 2022, pelo Ministério Público, de um inquérito contra ativistas "suspeitos de formar ou apoiar uma organização criminosa".