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PCP acusa PS de "não descolar da política de direita"

Foto MIGUEL PEREIRA DA SILVA/LUSA
Foto MIGUEL PEREIRA DA SILVA/LUSA

O secretário-geral do PCP acusou ontem o PS de "não descolar da política de direita" e de estar a levar a cabo "uma campanha sem escrúpulos contra o setor público", considerando que "é justa a luta dos professores".

Num discurso no 102.º aniversário do Partido Comunista Português (PCP), que decorreu na Voz do Operário, em Lisboa, Paulo Raimundo alegou que os grupos económicos estão a lucrar "milhões de euros por dia" e acusou PS, PSD, CDS, Chega e Iniciativa Liberal de acharem que "isto está bem".

"PS, PSD, CDS, Chega e Iniciativa Liberal acham o mesmo sempre, que toca a defender os grupos económicos e atacar salários. É por sua opção, e apenas por sua opção, que o PS não descola da política de direita e do caminho do PSD, Chega e Iniciativa Liberal", defendeu.

Segundo Paulo Raimundo, "a brutal injustiça e desigualdade, o aumento da exploração e o intenso ataque a tudo o que é público constituem marcas da ofensiva política, económica e ideológica que está em curso".

"Uma campanha sem escrúpulos contra o setor público, os serviços públicos, as empresas públicas, uma campanha que tem como objetivo central pôr a mão em tudo o que lhes possa dar ainda mais lucros, sempre à custa das necessidades e dos direitos do nosso povo", acusou.

O líder comunista deu o exemplo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), acusando o Governo de estar a "estrangular, desinvestir e, como se não bastasse, [...] a encerrar serviços" de saúde.

Em dia de manifestações de professores, Paulo Raimundo considerou que também se pode dizer "o mesmo da educação, e da necessidade de valorizar os professores e atender às suas justas reivindicações, nomeadamente a contagem integral do tempo de serviço".

"É justa a luta dos professores, [...] é justa a luta de todos os que defendem a escola pública. O Governo não tem alternativa e vai mesmo ter de dar resposta à justa luta que está em curso", frisou.

Por outro lado, abordando as recentes medidas para a habitação e as declarações dos partidos de direita sobre o assunto, Paulo Raimundo considerou estar a testemunhar-se "uma berraria coletiva e laivos de anticomunismo primário e rasteiro", que serve "apenas para iludir".

"As medidas avançadas, para lá de não resolverem problemas imediatos e que estão aí todos, na prática constituem mais benefícios fiscais, põem o Estado a pagar a fatura, não beliscam sequer os interesses da especulação, da banca e do imobiliário", sustentou.

No mesmo sentido, o líder do PCP abordou também o considerou ser um "golpe na TAP", salientando que a privatização da companhia aérea é "um crime com prejuízos para o país e para a sua soberania".

É "um golpe protagonizado por sucessivos governos PS, PSD e CDS, incluindo pelo atual Governo, que quer levar a privatização para diante e por quem, no plano económico, comanda toda esta gente. Todos eles têm, e vão ser, profundamente responsabilizados por este crime", disse.

Paulo Raimundo elencou várias propostas que o PCP tem apresentado na Assembleia da República - como para travar o aumento das rendas e das prestações bancárias ou a fixação do preço dos bens essenciais -, acusando PS, PSD, Chega e Iniciativa Liberal de as terem sucessivamente chumbado.

"Em todos estes aspetos, PS, PSD, Chega, IL e CDS estão de acordo", considerou.

Sobre os dados económicos divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística esta terça-feira - que confirmou que, em 2022, a economia cresceu 6,7% -, Paulo Raimundo considerou que, apesar das notícias "antecipando a boa nova", a realidade "é que as condições de vida das pessoas estão piores".

"De forma hipócrita, vêm todos e em coro afirmar que a culpa é da guerra. Aí está o novo pretexto: depois da crise, da 'troika', da epidemia, agora é a guerra. Há sempre razões para que a maioria seja empurrada para o acelerado empobrecimento, ao mesmo tempo que os grupos económicos concentram milhões de lucros", criticou.