Madeira

“A descarbonização passa muito pela electrificação dos veículos”

Transportes são responsáveis por metade das emissões de carbono na Madeira

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Porque os transportes são os principais emissores de carbono, que na Madeira representa metade das emissões de carbono, “a mobilidade eléctrica é uma solução que vai ter um grande contributo para a descarbonização”, sustenta Filipe Oliveira, presidente da AREAM - Agência Regional da Energia e Ambiente da Região Autónoma da Madeira.

O orador convidado pela Região da Madeira da Ordem dos Engenheiros para falar sobre Energia Sustentável e Clima em Contexto Insular, não tem dúvidas que alcançar o grande desígnio da Europa, e também da Região, da descarbonização, cuja meta passa por atingir a neutralidade carbónica até meados deste século, “passa muito pela electrificação dos veículos”.

À margem do evento realizado esta tarde, Filipe Oliveira falou das grandes linhas estratégicas que a Região definiu até 2023 e até 2050, através do Plano de Acção para a Energia Sustentável e Clima da Região Autónoma da Madeira (PAESC-RAM), que foi aprovado o ano passado, cujo desafio, “a longo prazo, até 2050, é a neutralidade carbónica, que significa reduzir 85% as emissões em relação a 2005. Os outros 15% é o contributo da floresta e de outras áreas que também contribuem para mitigar as emissões”, explicou o responsável.

Sustenta que “são metas feitas com base na situação actual e naquilo que se prevê para os próximos anos e naquilo que se antevê que será o futuro mais distante com soluções tecnológicas que hoje já se fala mas que ainda não são mercado e que se espera venham a ser implementadas dentro de alguns anos”. Garante que “estamos a caminhar” nesse sentido, apontando como exemplos os importantes apoios à aquisição de veículos eléctricos e a crescente aposta nas energias renováveis. Por um lado o veículo eléctrico “que é cinco a seis vezes mais eficiente, associado à produção renovável do nosso sistema eléctrico, faz com que possamos utilizar energias renováveis no nosso veículo”, lembra, para reforçar a importância desta combinação entre renováveis e veículos eléctricos, convicto que no futuro esta simbiose terá importância determinante no objectivo da descarbonização.

Sustenta que “ainda existe uma necessidade de sensibilizar e de informar” por entender que “ainda há muito trabalho a fazer” no campo da literacia relativamente às questões da energia. Mas também reconhece que este “é um processo constante” que “passa muito pelas pessoas” e pela evolução da tecnologia, que também ajuda a mudar comportamentos.

A palestra para uma plateia de engenheiros do Presidente do Conselho de Administração da AREAM, deve-se ao facto da Ordem dos Engenheiros ter decretado 2023 como o Ano Energia e Clima, e porque “o desafio da transição energética passa muito pela engenharia, passa muito pela tecnologia”. Um encontro que foi também uma oportunidade não apenas para serem discutidas e trocadas ideias, mas também de reflexão sobre soluções a implementar.

Filipe Oliveira reconhece que praticar Energia Sustentável numa região ultraperiférica, como a Madeira, também implica custos acrescidos e alguns constrangimentos operacionais. Aponta o exemplo do sector eléctrico. “Numa região insular nós temos de gerir a energia apenas na nossa rede. Não podemos exportar quando temos excesso, nem importar quando temos falta. Portanto o sistema tem de ser todo ele auto-suficiente”.