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Guerra na Ucrânia e persistentes fracturas políticas dominam legislativas de domingo na Bulgária

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Os efeitos da guerra na Ucrânia e a profunda fratura política e social na Bulgária dominam as eleições legislativas de domingo no país balcânico, na quinta consulta para o parlamento em dois anos mas que pode prolongar a instabilidade.

A coligação europeísta, integrada pelos partidos Prosseguir a Mudança (PP) e os seus aliados da Bulgária Democrática (DB) disputa a primazia com o partido nacionalista conservador Cidadãos para o Desenvolvimento Europeu da Bulgária (GERB), que dominou a vida política do país durante uma década.

Com intenções de voto que rondam os 25%, nenhuma das formações parece em condições de garantir a maioria necessária para formar um novo Governo.

O último Executivo interino na Bulgária incluía uma coligação de quatro partidos liderada pelo PP e o seu líder, Kiril Petkov, que em junho de 2022 foi derrubado por uma moção de censura apresentada pelo GERB após seis meses no poder.

Desde esse período que já eram percetíveis as profundas divergências sobre a invasão russa da Ucrânia no interior da efémera coligação, integrada pelo PP, o DB, o Partido socialista (BSP) e os populistas do Existe Tal Povo (ITN).

Os socialistas, historicamente próximos da Rússia, bloquearam o envio de armamento e munições para a Ucrânia, que acabou por se verificar de forma clandestina, como foi revelado há pouco meses.

Nas eleições de 02 de outubro de 2022, as quartas em 18 meses, o GERB, liderado pelo impetuoso ex-primeiro-ministro Boiko Borisov, impôs-se com 24,5% face ao PP (19,5%), e nenhum dos sete partidos que acedeu ao parlamento conseguiu garantir uma coligação, forçando novas eleições.

À semelhança do sucedido há seis meses, as sondagens colocam na terceira posição, com 13%, o Movimento dos Direitos de Liberdades (DPS), que congrega o voto da minoria turca e um aliado histórico do GERB.

No passado, estes dois partidos foram acusados de uma longa lista por casos de corrupção.

Muito perto do DPS surge agora o nacionalista e pró-russo Ressurreição (Vazrazhdane), creditado com 12% e defensor da saída da Bulgária da NATO e da União Europeia.

As sondagens preveem que apenas seis partidos deverão ultrapassar a barreira obrigatória dos 4% para garantir presença no hemiciclo, sendo o menos votado o histórico BSP, herdeiro do extinto Partido comunista, com 7,5%.

Uma fragmentação que na perspetiva de analistas locais, citados pela agência noticiosa EFE, voltará a complicar a formação de uma coligação que garanta o apoio de pelo menos 121 dos 240 lugares do parlamento.

A desconfiança e a divisão permanecem entre os principais líderes políticos do país, em particular o confronto de Borisov com Petkov.

"A sociedade búlgara não é maioritariamente liberal nem pró-ocidental", disse à EFE o politólogo Parvan Simenov.

"Existem claramente dois campos: um conservador com um olhar em direção a leste [à Rússia] e outro mais pequeno, mas mais influente, que é pró-ocidental", assegurou.

Uma divisão que se poderá traduzir em resultados eleitorais muito semelhantes aos obtidos em outubro de 2022.

Na perspetiva do analista, e perante o atual cenário, a única saída possível consiste num qualquer acordo entre os dois campos mais votados, porque caso contrário qualquer novo governo será instável e de curta duração.