Importações de cereais suscitam protestos na Bulgária e Polónia
Com centenas de máquinas agrícolas, os produtores búlgaros de cereais bloquearam hoje vários pontos da fronteira com a Roménia para pedir o fim da importação de grãos ucranianos livres de impostos.
Os agricultores consideram-se ameaçados pelas importações de produtos ucranianos, atualmente livre de impostos, que veem como concorrência desleal.
Queixam-se de que os seus preços de venda ao consumidor de cereais e oleaginosas não cobrem o custo de produção e que muita da produção existente não se consegue vender, pelo que se acumula nos armazéns e impede novas colheitas.
Pedem por isso que não se estenda a regulação da União Europeia que isenta de impostos as importações provenientes da Ucrânia.
Exigem inclusive que os produtos ucranianos não sejam vendidos de todo na Bulgária.
O presidente búlgaro, Rumen Radev, solicitou à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e ao do Conselho Europeu, Charles Michel, uma solução para o problema.
A porta-voz da Comissão, Miriam García Ferrer, anunciou que a Bulgária vai receber 16,750 milhões de euros para compensar as perdas dos seus agricultores.
Protestos similares ocorrem na Polónia e motivaram hoje uma reunião entre o ministro do setor e os agricultores, da qual saiu a promessa de apoios do governo e da União Europeia.
Os agricultores polacos queixam-se da queda dos preços de venda devido ao afluxo de grandes quantidades da produção ucraniana, que deveria ser destinada a África e ao Médio Oriente.
O ministro polaco Henryk Kowalczyk disse, depois das reuniões com organizações de agricultores, que vai ser disponibilizada uma verba de 256 milhões de euros para agricultores e comerciantes que sofreram operas financeiras, bem como subsídios para as empresas que transportam o grão para os portos, para serem exportados.
Na semana passada, a Comissão Europeia disponibilizou 56,3 milhões de euros para compensar agricultores afetados, dos quais os mencionados 16,7 para a Bulgária e 30 para a Polónia.
Admitindo que o esquema de exportação do cereal ucraniano pela Polónia não está a correr como esperado, Kowalczyk relativizou, salentando que: "Temos de ver que precisamos de ajudar a Ucrânia, que está a lutar pela nossa liberdade".
A Ucrânia está sob ataque e invasão pela Federação Russa desde 24 de fevereiro de 2022.