'O Dever de Deslumbrar – Biografia de Natália Correia' lançada na Feira do Livro do Funchal
A 49.ª edição da Feira do Livro do Funchal acolhe amanhã, pelas 17 horas, a apresentação do livro 'O Dever de Deslumbrar – Biografia de Natália Correia', da editora Contraponto, da autoria de com Filipa Martins.
'O Dever de Deslumbar' pretende acrescentar e enriquecer a série de biografias que, numa só chancela editorial, já passou por Agustina Bessa-Luís, Manoel de Oliveira, José Cardoso Pires e Manuel António Pina.
Filipa Martins revela que conhecida pouco sobre a biografada antes de enveredar por seis anos no universo dela e transformar-se numa exímia 'natalióloga'.“Como a maioria das pessoas, sabia que Natália era uma personalidade do século vinte e as várias histórias do seu lado polémico e anedotário. Só depois de conhecer a sua vida, percebi que era uma visão reduzida do real valor de uma mulher de exceção, cuja história confunde-se com a história de Portugal.”
Nas suas pesquisas, a autora descobriu uma mulher excepcional, maior do que o seu país, uma pensadora europeia que é urgente redescobrir. “Estamos a falar de uma autodidata, que a meio dos anos 40, e em plena ditadura, teceu um discurso sobre a condição da mulher que só vamos voltar a ouvir quando a Simone de Beauvior publicar, em 1949.”
A poetisa entrou na vida de Filipa há seis anos, quando a escritora assinou o guião da série histórica 3 Mulheres, da RTP, que narrava o papel da editora Snu Abecassis, da jornalista Vera Lagoa e Natália Correia no enfrentamento ao Estado Novo. “Foi dessa experiência que surgiu o convite para escrever a biografia”, conta.
Além do facto de ter de consultar um espólio gigante, de ter de entrevistar e recolher toda esta informação, de ter que ler a obra da Natália que é imensa, de ter que cruzar tudo, houve a necessidade de sistematizar, ligar, criar um fio condutor para esta história. Filipa Martins, autora da obra 'O Dever de Deslumbrar – Biografia de Natália Correia'
O livro, que conta com 696 páginas e que foi lançada este mês, tem corrido tem dito procura o que motivou à segunda edição. Na obra 'O Dever de Deslumbrar'. as aventuras e desventuras dos Botequim percorrem uma centena de páginas, a extravagante liturgia das 'tertúlicas' - noites do bar como testemunha de um capítulo crucial da história portuguesa e do modus vivendi da intelligentsia lisboeta.
Natália Correia foi a autora mais censurada durante o regime do Estado Novo, mas também sofreu fortes represálias e foi tratada como reacionária no PREC.