Espanha envia seis Leopard a seguir à Páscoa e vê difícil paz negociada
A Espanha vai enviar para a Ucrânia seis carros de combate Leopard a seguir à Páscoa, disse hoje a ministra da Defesa espanhola, que afirmou que as possibilidades de uma paz negociada nesta guerra neste momento "são muito reduzidas".
Os seis tanques Leopard 2A4, que o exército espanhol não usava há 15 anos, estão há um mês e meio numa fábrica de equipamento militar em Sevilha, no sul de Espanha, e estão "praticamente reparados", pelo que seguirão para a Ucrânia a seguir à semana da Páscoa, que se celebra em 09 de abril, disse hoje a ministra Margarita Robles, no parlamento nacional.
Espanha já anunciou que enviará mais quatro Leopard 2A4 para a Ucrânia, compromisso que Margarita Robles hoje reiterou, revelando que a reparação desses tanques será iniciada em breve na mesma fábrica de Sevilha.
O custo da reparação dos dez tanques, assumida por Espanha, é de 4,1 milhões de euros, segundo dados anteriormente publicados.
A ministra foi chamada hoje ao plenário do Congresso pelos partidos Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) e EH Bildu (independentistas bascos), que têm sido aliados parlamentares do Governo espanhol, mas questionaram o anunciado envio de tanques Leopard para a Ucrânia, sem pedir a validação do parlamento, considerando que está em causa uma decisão de "enorme transcendência" porque poderá contribuir para uma escalada da guerra.
O Governo espanhol é liderado pelo partido socialista (PSOE), que governa porém em coligação com a plataforma da extrema-esquerda Unidas Podemos, que se opõe ao envio de ajuda militar à Ucrânia, tal como acontece com parceiros parlamentares como a ERC ou o EH Bildu.
A ministra Margarita Robles defendeu hoje "o apoio integral" à Ucrânia e ao seu "direito à legítima defesa, reconhecido pela carta das Nações Unidas", depois de ter sofrido, em 24 de fevereiro de 2022, "um ataque brutal e injustificado" por parte da Rússia.
O anúncio do envio de tanques Leopard para a Ucrânia foi feito "num momento de especial crueldade" da guerra russa contra o povo ucraniano, afirmou a ministra, que atribui a Moscovo a responsabilidade da escalada do conflito.
"A guerra tem-se prolongado e tudo indica que o Kremlin [sede da Presidência russa] iniciou uma nova fase ofensiva das operações militares na qual a população civil ucraniana está a ser vilmente massacrada", disse Margarita Robles aos deputados, antes de acrescentar que, neste momento, dificilmente haverá uma paz negociada.
"Todos continuamos a apostar por uma rápida solução diplomática mas neste momento, infelizmente, as expectativas de uma solução negociada são muito reduzidas", afirmou.
A ministra sublinhou que Espanha tem prestado "apoio integral" à Ucrânia desde o início da guerra, que inclui também ajuda humanitária, acolhimento de refugiados, tratamento de combatentes feridos ou formação de militares.
Até agora, Espanha já formou 850 militares ucranianos, disse Margarita Robles.
Além de se comprometer com a entrega de 10 Leopard à Ucrânia, Espanha está também a formar ucranianos para operarem com estes carros de combate e para assegurarem a sua manutenção.
A Alemanha comprometeu-se a entregar cerca de 60 tanques modernos a Kiev como parte de uma coligação que inclui países como Portugal, Espanha, Noruega, Canadá e Polónia.
O carro de combate Leopard 2A4 data do final do século XX e serviu de base para o desenvolvimento de um dos mais modernos e eficientes tanques de guerra utilizados pelos países ocidentais, o modelo 2A6 nas suas versões alemã ou sueca, bem como o desenvolvimento do tanque espanhol Leopard 2E, principal equipamento das forças blindadas em Espanha atualmente.
O 2A4 supera a maioria dos principais carros de combate atualmente no terreno de guerra e o 2A6, fornecido pela Alemanha, está ao mesmo nível dos veículos russos mais avançados da atualidade.
O Leopard 2A4 e 2A6 são aproximadamente 80% compatíveis logisticamente.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).