País

Filhos menores de atacante ao Centro Ismaili estão numa instituição

Homem está hospitalizado após ter sido alvejado pelas forças policiais

None

Os três filhos menores de Abdul Bashir, que na terça-feira assassinou duas mulheres no Centro Ismaili, estão provisoriamente numa instituição, mantendo o contacto com a comunidade e as rotinas escolares, segundo fonte do Centro Ismaili.

"As crianças estiveram ontem a ser acompanhadas no Centro Ismaili por pessoas que as conhecem, por equipa de psicólogos e pela segurança social. A comunidade ofereceu-se para os acolher em famílias", avança o Centro Ismaili, onde na terça-feira de manhã o refugiado afegão matou duas funcionárias.

O homem está hospitalizado, deixando os três filhos menores sozinhos, já que a mãe das crianças morreu há cerca de três anos quando a família ainda estava num campo de refugiados na Grécia.

Quanto às crianças, "a opção provisória para já foi colocá-las numa instituição onde continuam em contacto com a comunidade e a frequentar o centro mantendo rotinas escolares. A decisão definitiva será tomada mais tarde", avança o Centro Ismaili.

A Lusa contactou a Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens que explicou não ter acesso aos casos em concreto, remetendo qualquer informação para a comissão de menores de Odivelas, onde vivia a família.

A Lusa contactou também o Ministério da Educação que explicou que, neste caso em concreto, se sobrepõe a privacidade das crianças, não sendo por isso divulgadas quaisquer informações sobre as crianças de 9, 6 e 3 anos.

Em declarações à Lusa, a procuradora do Ministério Público Maria Oliveira Mendes explicou no abstrato como são tratados este tipo de processos.

Segundo a procuradora, há "um processo de promoção e proteção de menores, inicialmente pela CPCJ (comissão de proteção de menores), mas para isso tem de haver consentimento do pai. Caso não exista esse consentimento, é remetido para o Ministério Público para propor uma ação de promoção e proteção de menores".

No caso em concreto, uma vez que o pai está internado no hospital, é aplicada uma medida cautelar provisória enquanto se procede à avaliação da situação, sendo o tribunal a decidir qual a medida a aplicar.

"De imediato, o que há a fazer é aplicar uma medida de promoção e proteção", acrescentou a procuradora que é também docente do Centro de Estudos Judiciários, dando como exemplo a possibilidade de as crianças ficarem a cargo de alguém idóneo, de uma família de acolhimento registada ou numa casa de acolhimento.

As medidas de acolhimento familiar e acolhimento residencial são tuteladas pela Segurança Social, sendo que os serviços tentam sempre que os irmãos fiquem juntos, disse ainda a procuradora.

A família de Abdul Bashir chegou a Portugal vinda da Grécia no final de 2021 com os três filhos, viviam em Odivelas e recebiam apoio e formação no Centro Ismaili, que ajuda a comunidade de refugiados em Portugal.

As vítimas mortais são duas mulheres, de 24 e 49 anos, que trabalham no Centro Ismaili precisamente nos serviços de apoio aos refugiados.

O diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ) afirmou hoje que "não há um único indício" de que o ataque tenha sido um ato terrorista, admitindo ter resultado de "um surto psicótico do agressor".

O agressor, hospitalizado após ser baleado pela polícia, não deverá ter alta antes de um período de 10 dias e só então haverá condições para ser submetido a interrogatório pelo juiz de instrução, acrescentou ainda o diretor nacional da PJ.