2023 pode ser "ano terrível" no Mediterrâneo devido à crise migratória
O número de pessoas que morreram em 2023 a tentar atravessar o Mediterrâneo antecipa "um ano terrível" para a crise migratória, alertou hoje o diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Em entrevista à Lusa no escritório da OIM em Nova Iorque, António Vitorino assinalou que nos primeiros três meses do ano houve "um número de mortos acima do registado no mesmo período no ano anterior".
Para o português, o fim das mortes no Mediterrâneo passa por "impedir as pessoas de entrarem nos barcos" de travessia.
"O Mediterrâneo é uma das rotas mais perigosas do mundo e, infelizmente, como nós temos visto nestas últimas semanas, sucedem-se os naufrágios e as mortes. A Comissão Europeia apresentou uma proposta recentemente no sentido de que os Estados europeus têm que tomar uma decisão sobre as operações de busca e salvamento que não podem ser deixadas exclusivamente à iniciativa das organizações não-governamentais e têm que criar um sistema de previsibilidade de desembarque, portos de desembarque para as pessoas que são salvas do mar", disse.
"Obviamente que só será possível pôr fim às mortes no Mediterrâneo se se impedir as pessoas de entrarem nos barcos, porque é aí que se joga o essencial. Infelizmente, nem sempre - no caso da Líbia - isso tem sido possível. E nós vemos um número crescente de chegadas a Itália. Neste momento, as chegadas a Itália, oriundas do norte de África - não só, mas sobretudo da Líbia - está três vezes acima do número de chegadas no mesmo período do ano anterior", observou.