Hoje sou eu, amanhã poderás ser tu
Sou um profissional na área do entretenimento e da animação turística/cultural há 30 anos. Durante todos estes anos, tenho contribuído com a minha experiência e know-how para aportar valor à região da Madeira nesta e noutras áreas sempre tendo como timbre a exigência máxima e a procura da qualidade do serviço entregue ao cliente e a sua correspondente satisfação. Acho que não me tenho dado mal com isso mas quem me conhece ou já passou pelos meus espaços e eventos saberá ( ou não ) reconhecê-lo.
O Mini Eco, meu projecto há 15 anos sempre se pautou pelo respeito pelas leis, autoridade e pela coisa pública. Foi pioneiro a nível nacional, alvo de vários prémios e reportagens que ultrapassaram largamente as nossas fronteiras. Lançou artistas, revolucionou a noite madeirense e serviu ( e vai servindo ) para promover a nossa ilha, dando entretenimento num espaço seguro, onde não são permitidos excessos e onde as regras são para ser cumpridas. Foram esses os valores que me foram incutidos e que tenho levado sempre em consideração.
É por isso com natural estupefação e revolta que vejo o nome do meu espaço e consequentemente o meu pessoal, envolvido numa suposta transgressão da lei, acusando-me as autoridades de falta de licenciamento, que aliás sempre tive até às 04 da manhã dizendo agora que esse licenciamento caiu como que por magia, tendo-me encerrado o meu negócio, sem direito a contraditório ou à minha defesa, numa atitude autista e verdadeiramente abusiva com claros prejuízos financeiros e reputacionais. Até porque como diz a lei” até os processos estarem concluídos prevalecem os horários anteriores de forma a não prejudicar o empresário ou o projecto” o que evidentemente não foi levado em conta.
Sobrevivemos a uma pandemia que nos manteve fechados, sem apoios estatais e após a mesma a 30 meses de obras nos espaços adjacentes, com andaimes, barulho e poeirada sem qualquer respeito pelos projectos existentes sem que os prejuízos tivessem sido devidamente colmatados.
De repente e depois de passados estes tempos difíceis, o facto indissociável de ter alguém que decidiu abrir um alojamento local no mesmo edificio, fez com que começassem a surgir queixas e mais queixas, visitas sistemáticas da PSP, cartas da câmara e outras tentativas de intimidação. “Os tempos são outros Sr. Lima, a licença que tinha já não vai ser possível pois não podemos incomodar os hóspedes” disseram-me.
Eu que sempre promovi a noite madeirense de uma forma positiva e segura, que estou cá, como disse há 15 anos, sou de repente descartado, sem terem a mínima atenção ao facto de esta ser a minha profissão e de ser a minha fonte de rendimento que me permite levar sustento para casa, ainda para mais agora que fui Pai recentemente. Destroem um empresário que sempre criou valor, ajudando a que a noite ( que nunca irá acabar, quer queiram quer não ) seja vivida de uma forma saudável e segura, retirando espaço de manobra a festas ilegais.
O entretenimento, como se vê em Lisboa e noutras cidades europeias evoluídas, é uma das principais formas de atração turística e que nem o facto do turismo da Madeira ser predominantemente sénior poderá sequer apagar. O Turismo nos dias que correm é multi polar e a nossa querida ilha é motivo de interesse de pessoas de todas as faixas etárias e no meu entender, podemos e devemos trabalhar para todas elas sem que umas se atropelem às outras. A diversão segura é essencial para no século XXI captar um turismo de qualidade que deixe rendimento no destino. É um excelente cartão de visita e uma óptimo produtor de memórias que ficam para sempre.
Temos projectos âncora na região para o novo paradigma, Maktub no Paul do Mar , Barreirinha na zona velha , a rua da alfandega com o Dash e o Mini , a lindíssima Estalagem da Ponta do Sol que tanto mas tanto tem ajudado na promoção da ilha, com os concertos L , MadeiraDig , purple fridays e os Nómadas Digitais , o Summer Opening , Raízes do Atlântico, Aleste, eventos da Tender e muitos outros que têm feito tanto pela ilha e que peço desculpa por não referir.
Não é admissível que se queiram acabar com projectos de valor, ainda por cima que sempre trabalharam dentro da lei para que “alguns” possam beneficiar da sua posição social e implementar os seus projectos, rasgando quem cá anda há tantos anos a trabalhar. É insultuoso o que me estão a tentar fazer ao Mini e um prejuízo para a oferta da ilha ( não sou eu que o digo são os meus clientes ).
Hoje sou eu, amanhã podes ser tu. Peço por isso o apoio das forças vivas das cidades e dos que não se conformam com injustiças para que a Madeira deixe estas práticas antigas que estrangulam a região e a impedem de se transformar num brilhante case study a nível mundial.
Um bem haja à minha linda ilha que sou apaixonado incondicionalmente mas cansado do "vira o disco e toca o mesmo”. Merecemos respeito e consideração por tudo o que damos todos os dias.
Obrigado desde já a todos os que se têm mostrado solidários com o Mini e contra tamanha injustiça.
Paulo Lima