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Presidente diz que Taiwan não entrará numa disputa com a China pela "diplomacia do dólar"

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A Presidente de Taiwan afirmou hoje que a ilha não se envolverá "numa disputa sem sentido pela diplomacia do dólar com a China", que hoje estabeleceu relações oficiais com as Honduras, depois deste país centro-americano ter rompido com Taipé.

"Por muitos anos mantivemos a crença de que trabalhando com todas as nossas capacidades e com uma abordagem pragmática e voltada para o futuro poderíamos manter o desenvolvimento substantivo e de longo prazo dos nossos aliados diplomáticos", disse Tsai Ing-wen, num vídeo divulgado hoje.

O Governo de Honduras anunciou no sábado o rompimento das suas relações com Taiwan e hoje os chanceleres chinês e hondurenho assinaram em Pequim um acordo oficial para estabelecer as relações diplomáticas entre os dois países.

Desde que Tsai chegou ao poder, em 2016, Taiwan perdeu nove aliados internacionais que optaram por estabelecer relações oficiais com Pequim.

A governante acusou a China de fazer todo o possível para "suprimir a participação internacional" da ilha autogovernada, reiterando que a pressão e a coerção não mudarão o facto de que Taiwan e a China "não são mutuamente subservientes".

Pouco antes, o chanceler taiwanês, Joseph Wu, tinha falado nos mesmos termos e descrito a reviravolta das Honduras como "profundamente lamentável".

Numa conferência de imprensa, Wu revelou que o Governo hondurenho pediu, em 13 de março, ao Governo de Taiwan dois mil milhões de dólares (MD), cerca de 1.861,3 milhões de euros (ME), para reestruturar a sua dívida externa, 350 milhões (325,7 ME) para uma barragem e outros 90 milhões de dólares (83,7 ME) para construir um hospital.

A rutura das Honduras com Taipé em favor de Pequim ocorre 11 dias depois de a presidente hondurenha, Xiomara Castro, ter anunciado a intenção de estabelecer relações com o gigante asiático.

Para isso, foi inevitável cortar todos os laços com Taiwan, território que a China reivindica por considerá-la uma província rebelde, já que em 1949 os nacionalistas do Kuomintang se retiraram para a ilha depois de perder a guerra civil contra o exército comunista.

O executivo taiwanês retirou esta semana o seu embaixador em Tegucigalpa, depois de o Governo hondurenho ter anunciado que o seu chanceler tinha viajado para Pequim, para negociações tendo como objetivo iniciar relações com o gigante asiático.

Antes da sua posse como presidente das Honduras, em 27 de janeiro de 2022, Xiomara Castro havia dito que não estava na sua agenda abrir relações diplomáticas com a China.

Honduras e Taiwan mantiveram uma relação de cooperação militar, económica e na área da educação: a ilha financiou projetos de ajuda técnica e agrícola e também hospedou centenas de bolseiros hondurenhos nas suas universidades.

A rutura reduz para 13 o número de países com os quais Taipé mantém relações diplomáticas oficiais e torna a nação centro-americana no nono país - e o quinto latino-americano - que corta com a ilha para estabelecer relações com a China desde 2016.

As Honduras juntam-se aos vizinhos Panamá, El Salvador, República Dominicana e Nicarágua, que nos últimos anos romperam relações com a ilha em favor da República Popular da China, uma decisão que mantém os hondurenhos divididos.