Mundo

Em doze meses 1.390 venezuelanas foram resgatadas de redes de tráfico de pessoas

None

Entre janeiro e dezembro de 2022, 1.390 mulheres venezuelanas foram resgatadas de redes de tráfico de pessoas, entre elas 284 crianças e adolescentes, segundo dados da associação civil Mulier Venezuela (MV), divulgados sexta-feira.

"O ano de 2022 registou os números mais elevados que registámos desde que começámos a monitorizar em 2019. No total foram resgatadas 1.390 venezuelanas de redes de tráfico, das quais 284 são meninas e adolescentes", explica a (MV) em um comunicado.

A MV explica que 157 das vítimas foram resgatadas durante o primeiro semestre de 2023 e que o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, marcou uma queda significativa no número de reportagens da imprensa sobre o tráfico de mulheres venezuelanas.

"A visibilidade ou não visibilidade da situação é também circunstancial. Quando para os meios de comunicação social há outras notícias que se presume serem mais urgentes ou relevantes, o tráfico ocupa um lugar secundário", explica.

No entanto, explica, no segundo semestre do ano, "após a comemoração do Dia Contra o Tráfico de Pessoas, os dados consolidados por diferentes agências que lidam com casos de tráfico começaram a ser publicados" pela imprensa e "pudemos registar um maior número de mulheres detetadas e resgatadas das redes de tráfico".

A MV diz que 502 pessoas foram detidas nas operações de resgate entre eles 77 venezuelanos.

"Embora o envolvimento de funcionários responsáveis pela aplicação da lei em redes de tráfico só tenha sido explicitado em um dos casos, isto não significa que as autoridades não façam parte das redes que permitem e ocultam o crime de tráfico (...) A polícia e os militares que fecham os olhos a situações irregulares, recebem benefícios por ignorarem o que se passa ou participam ativamente nestas atividades criminosas".

Sobre o tipo de tráfico, explica que continua a tendência em anos anteriores, com a maioria dos casos a refletirem vítimas de tráfico para fins de exploração sexual. Também que a prática da modelação por webcam, como forma de produção consensual de conteúdo explícito, foi, em muitos casos, cooptada como um novo espaço de exploração.

Por outro lado, há registos de aproveitamento de meninos e meninas para fins de mendicidade, e em outubro de 2022 haviam registos do resgate de 189 crianças venezuelanas submetidas a esta prática nas cidades colombianas de Bogotá, Cartagena, Popayán, Ibagué e Bucaramanga.

No Brasil, 14 migrantes foram resgatados de "condições de escravatura moderna" em 2022 e outras 24 em janeiro e fevereiro de 2023, cujos números não fazem parte do registo por não terem especificados os sexos e apenas expressos no masculino.

"O número de 284 meninas e adolescentes resgatadas em 2022 é o dobro dos 138 que reportamos em 2021. Estes dados são muito alarmantes porque refletem uma situação que MV e outras organizações venezuelanas de Direitos Humanos têm vindo a denunciar. Cada vez mais meninas e adolescentes estão a tornar-se vítimas deste crime para satisfazer a pedofilia dos clientes das redes de tráfico", explica.

A MV alerta para a vulnerabilidade que representa o aumento de crianças e adolescentes venezuelanas migrantes não acompanhados em rotas migratórias, entre elas desde o Tapón de Darién (Panamá) por onde entre janeiro e outubro de 2022 passaram 32.488 crianças, 900 delas sozinhas procurando chegar aos EUA.

Em 2022, o Peru foi o país da região com mais casos de venezuelanas resgatadas, 589, das quais 28 eram crianças e adolescentes, explica.