Governo Regional "monopoliza" sector da cana-de-açúcar
Deputado do PS-Madeira na Assembleia Legislativa diz que 36 cêntimos continuam a ser insuficientes para fazer face aos custos de produção e à própria mão-de-obra
Ao contrário do que é habitual, Carlos Coelho não escolheu a freguesia dos Canhas para falar do preço da cana-de-açúcar. Foi na Ponta do Sol, mas na Lombada dos Esmeraldos - local onde em outros tempos foram escravizadas cerca de 100 pessoas no cultivo desta planta - que o deputado do PS-Madeira aproveitou para criticar o Governo Regional pelo valor que é pago aos agricultores.
Segundo o socialista, os 36 cêntimos continuam a ser insuficientes para fazer face aos custos de produção e à própria mão-de-obra, o que faz com que haja vários agricultores a manifestarem a vontade de abandonar o cultivo da cana-de-açúcar.
Embora o Governo Regional, curiosamente em ano de eleições, venha falar de um aumento, passando para 36 cêntimos, esse aumento não satisfaz os produtores. Carlos Coelho
Carlos Coelho lembrou inclusive que até 2019 estes produtores estiveram 10 anos sem conhecer qualquer aumento e que agora “fica muito bem nos discursos eleitoralistas” prometer a subida do preço.
"Quase 50% do valor que os produtores recebem vem da União Europeia e o restante, supostamente, vem do Orçamento Regional pela primeira vez. É muito pouco", lamentou.
“Como é que se define o preço sem ouvir os agricultores? Os produtores têm de estar dentro do processo para se sentirem valorizados e para verem o seu produto valorizado”, advertiu, acusando o Governo de monopolizar os preços, quer em relação à cana-de-açúcar, quer em relação à banana.
O Governo Regional em sectores como a banana e a cana (...) monopoliza os preços, ou seja, o produtor não consegue se governar nem definir o preço a que quer vender o seu produto. Na banana entrega à Gesba ao preço que a Gesba quer comprar, na cana é o que os engenhos dão. Carlos Coelho