Confederação do Turismo alerta para cancelamentos resultantes do anúncio da greve dos pilotos
A Confederação do Turismo de Portugal (CTP) alertou hoje para os cancelamentos de viagens resultantes do mero anúncio da greve dos pilotos da TAP, questionando a oportunidade do protesto, quando a nova gestão da companhia ainda não assumiu funções.
"As pessoas que estão a marcar as suas férias e que estão a pensar, por exemplo, vir a Portugal na Páscoa, ao saberem que há um pré-aviso de greve, é evidente que vão mudar a agulha para outro sítio", afirmou o presidente da CTP em declarações à agência Lusa.
Segundo salientou Francisco Calheiros, "independentemente do facto de a greve se vir a verificar ou não, ou de ela ser ou não desconvocada, o mero anúncio de um pré-aviso de greve traz, desde logo, uma série de consequências, como sejam cancelamentos".
"Como a TAP é extremamente importante para o turismo português, porque é responsável por muitas centenas -- para não dizer milhares -- de voos, pelo facto de haver isto, todas as pessoas que estavam a pensar viajar na TAP desmarcam a sua viagem. Portanto, a partir do momento em que há um pré-aviso de greve, desde logo começa a haver cancelamentos", enfatizou.
Sem "querer entrar na discussão sobre se a greve é ou não é legítima", o presidente da CTP questiona, contudo, a oportunidade do protesto, numa altura em que os pilotos "nem têm interlocutor".
"A CEO [presidente executiva, Christine Ourmières-Widener] foi demitida, foi aceite um novo CEO [Luís Rodrigues, até agora CEO da SATA], mas, aparentemente, a atual CEO ainda não saiu e o novo CEO ainda não entrou... Isto não é altura, digo eu, na minha modesta opinião, de se fazer uma greve, independentemente de as pretensões dos pilotos serem justas ou não", sustentou.
"Acho que neste momento, se calhar, até nem têm interlocutor, porque um está de saída e o outro não entrou", acrescentou, considerando que "era capaz de ser mais sensato esperar a entrada da nova gestão para poderem discutir as suas pretensões".
O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) anunciou na quinta-feira à noite que foi aprovada uma greve na Páscoa, entre 07 e 10 abril, para pressionar o Governo a ratificar o acordo assinado com a TAP, que repõe condições laborais retiradas em 2021.
A greve foi aprovada numa assembleia de pilotos, uma vez que "a tutela não está a comprometer-se a assegurar este acordo com a nova gestão" da TAP, disse à Lusa fonte do SPAC, referindo-se à saída da atual CEO da TAP, no final deste mês, e à entrada do novo presidente executivo, Luís Rodrigues, depois de meados de abril.
"Até o Governo ratificar a proposta mantemos a greve", precisou fonte da direção do sindicato, insistindo que "falta a tutela aprovar" a proposta acordada entre a TAP, cuja presidência vai mudar, e o SPAC.
O acordado entre a TAP e o sindicato assegura uma "reposição de condições de trabalho retiradas no acordo de 2022", precisou.