'Refúgio de Gibraltar' é apresentado na segunda-feira na Feira do Livro do Funchal
'Refúgio de Gibraltar', uma obra de Berta Helena premiada com o Prémio Literário do Funchal, vai ser apresentada na próxima segunda-feira, pelas 19h30, no palco principal da Feira do Livro do Funchal. Esta é uma edição da Câmara Municipal do Funchal e da Imprensa Académica.
"Este prémio para mim tem um sabor muito doce porque é um importante reconhecimento da minha obra; é doce também porque me faz lembrar muito o meu marido, recentemente falecido, e que foi a pessoa que me acompanhou sempre e que me deu muita força e incentivo para escrever 'Refúgio de Gibraltar'. Este livro é dedicado a ele", referiu a autora quando recebeu o prémio.
A obra ficcionada retrata a história dos gibraltinos e gibraltinas que chegaram à Madeira em Julho de 1940, focando-se essencialmente na história de personagens femininas e, destas, a história de Lilly, a jovem refugiada de guerra como todos os outros que com ela viajaram desde Gibraltar. "Há muitos anos que eu ouvia falar das gibraltinas… Eu ouvia o meu pai falar, ouvia a minha mãe contar algumas histórias. Tenho amigos que são filhos e filhas de gibraltinos e de gibraltinas. E, aos poucos, tudo isto que eu ouvia ia despertando mais a minha curiosidade", recorda.
Foi a chegada dos gibraltinos que levou a uma reviravolta numa Madeira estagnada, reabrindo hotéis, restaurantes, esplanadas e salões de baile. Berta Helena procurou mostrar a importância do papel da mulher na sociedade: "sobretudo numa sociedade como a nossa, numa ilha – só por ser ilha – condiciona muito, especialmente as mulheres, porque ainda há muito preconceito em relação ao modo como as mulheres vivem, se mostram, se comportam. Eu acho que continua a haver um certo ambiente de preconceito na Madeira em relação à mulheres, embora agora de uma forma muito mais moderada do que naquela altura. As mulheres têm de ser livres na sua maneira de ser e de estar, sem preconceitos".
Berta Helena nasceu no Funchal. Foi jornalista profissional da RDP/Madeira desde 1978, e durante 30 anos. Colaborou com outros órgãos de comunicação social, nomeadamente a RTP e a RTP Internacional. Em 2003, publicou o seu primeiro livro, 'Lenços Brancos', uma história de amor durante a Revolta da Madeira. Com a obra 'Pelo Verde dos Poios' (2004) foi distinguida com menção honrosa no concurso literário Horácio Bento de Gouveia, da Câmara Municipal de São Vicente. Foi também premiada pelo conto 'Cândia', numa iniciativa do Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira. Publicou, em 2015, a obra de ficção 'O Feitiço de um pé de junquilhos'. Venceu, em 2022, o Prémio Edmundo Bettencourt - Cidade do Funchal, com a obra 'Refúgio de Gibraltar', agora publicada.