A visita fantasma de Pedro Adão e Silva
O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, vai visitar oficialmente a Madeira. Algo que um ministro da área já não o faz há 10 anos, pelo que por si só a visita tem o mérito de revelar respeito e reconhecimento pelo que de muito bom se faz na Região, na área.
Mas, para além deste mérito inegável, a visita tem, no seu programa, algo que é de muito estranho e que pode valer a Pedro Adão e Silva a “ira” dos socialistas da Madeira, à imagem do que aconteceu com Álvaro Beleza, que foi autenticamente crucificado só por reconhecer o que de muito e bom se tem feito na Madeira.
Pedro Adão e Silva vai visitar, no sábado (se, entretanto, não for pressionado para não o fazer) o Museu de Arte Contemporânea “Casa das Mudas”. Qual é o problema perguntarão? Afinal, o “Casa das Mudas” não é um dos melhores museus de arte contemporânea do País e tem sido alvo de prémios atrás de prémios? O seu edifício não foi reconhecido como um dos mais belos, em termos de design e conceito, em termos nacionais? Não é visita obrigatória de governantes nacionais e internacionais, bem como ainda para uma panóplia de gente ligada à Cultura?
Sim, é verdade. O Museu é isso e muito mais, um verdadeiro orgulho para a Madeira e para os madeirenses.
Mas, também é, segundo a lista passada pelos socialistas para o DN de Lisboa, uma das tais obras inúteis, fantasmas.
Ou seja, Pedro Adão e Silva vai fazer uma visita a um museu que é fantasma, a uma obra fantasma, que não existe? O que vai lá fazer então? Ou será ele uma espécie de “caça-fantasmas?”.
É uma obra inútil, apontam os socialistas, numa lista onde constam, incompreensivelmente, outras obras fundamentais para as economias de cada concelho, como os parques empresariais. A cultura, a arte é inútil? Os milhares de visitantes que passam pelo Museu são inúteis? O dinheiro que esses visitantes trazem à economia local é inútil? Ter um excelente Museu na Madeira é inútil?
Pedro Adão e Silva parece, e bem, não o considerar assim. Tanto que até vai visitar o Mudas. Repito: arrisca-se a, no mínimo, um “puxão de orelhas” parecido ao que levou Álvaro Beleza.
Ângelo Silva