A dívida
As receitas da Região não davam para as despesas. Através dos tempos foi preciso ser arrojado. Na tentativa, bem sucedida, de credibilizar o regime que despontava, era o presidente do governo que tinha de discutir com cada ministro das finanças o encaixe financeiro que, por ano, cabia à Região. Não podíamos planear o futuro. Não havia diploma que o pré-estabelecesse. Vivíamos dos humores de circunstância e da conjuntura de cada momento reinantes na antiga capital do império. Mas não houve hesitações em avançar, mesmo criando dívida.
Depois, através da Lei de Finanças (e do Estatuto) passamos a saber com o que contar. Podíamos planear melhor. Não esperávamos era que o governo de Sócrates a mudasse discricionariamente. Como se isso não bastasse veio a Troika, o consequente PAEF e antes já havíamos lidado com o Endividamento Zero. Foi preciso muita tenacidade para prosseguir o desenvolvimento.
E, agora, vem a descoberta que uma ou outra infraestrutura não correu bem. E que, por isso, temos dívida. Cena redutora. Temos dívida porque foram feitas imensas obras que resolveram o problema do progresso ambicionado. O azar que não devia, mas acontece, em percurso sempre difícil, é excepção que está muito longe de fazer regra. Ficam a olhar para a árvore e ignoram a floresta.
E, a propósito de dívida, convém salientar que a portuguesa é a 3ª maior da Europa. E superior à da Região. A nossa vem descendo há 7 anos consecutivos. Os números em percentagem de PIB são reveladores, 113,8% a nacional, 89,5% a regional. Sendo que na UE é de 92,9%. Isto é, a nossa já é inferior à média europeia. E é com esta dívida que alguns fazem política. Demagoga, como se vê.