A Guerra Mundo

Rússia parece cada vez mais sócia minoritária na parceria com China

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O Alto Representante da União Europeia para a Política Externa afirmou hoje que a Rússia está "terrivelmente enfraquecida" pela guerra que iniciou na Ucrânia, parecendo cada vez mais "a sócia minoritária" na sua parceria com a China.

"A dinâmica atual faz com que a Rússia pareça cada vez mais a 'junior partner' (sócia minoritária) da parceria russo-chinesa", declarou Josep Borrell numa sessão conjunta da comissão de Negócios Estrangeiros e da subcomissão de Defesa do Parlamento Europeu.

O chefe da diplomacia europeia afirmou que os desafios que a Europa enfrentar dependerão de "como acabe esta guerra" da Rússia na Ucrânia, iniciada há mais de um ano, a 24 de fevereiro de 2022, e dos "jogos de alianças entre a Rússia e a China".

"É óbvio que a Rússia está a ficar terrivelmente enfraquecida por esta guerra, e também é uma boa notícia que a China tenha dito claramente que não vai dar armas à Rússia, o que, desde logo, clarifica o panorama", comentou.

Sublinhou logo em seguida que "a União Europeia (UE) não tem qualquer interesse em que a China apoie a Rússia e que dois países com sistemas de governo não-multipartidário constituam uma unidade mais poderosa que cada um por si só".

"E não nos interessa nada um confronto com a China, neste momento", acrescentou ainda.

Borrell sustentou que a UE deve "fazer, no mínimo, como o Japão, que é entender que tem de desenvolver a capacidade própria, se quer ser um ator com influência nos assuntos do mundo, utilizando elementos de coerção".

"Que os outros se comportem como queremos", resumiu.

Defendeu também, nesse contexto, uma "estreita cooperação" com o Japão, ou com a Austrália e a Coreia do Sul, no âmbito da estratégia europeia para ter mais presença na região indo-pacífica.

O responsável comunitário referiu-se igualmente ao acordo na UE para promover o fabrico de munições para fornecer à Ucrânia e a reposição de arsenais.

"Não me alegra nada ter de investir no fabrico de armamento que vai ser utilizado numa guerra. Preferia não ter de o fazer", assegurou.

Mas questionou-se sobre "que tipo de 'soft power' se deve usar com a Rússia".

"Uma vez que estamos numa guerra e que as guerras se fazem com armas", observou, apesar de a UE não ser parte no conflito de agressão empreendido por Moscovo na sua vizinha Ucrânia.

"Lamento que vivamos num mundo que não é como gostaríamos que fosse, [no qual] estamos a assistir ao regresso à competição clássica entre Estados utilizando a guerra na sua expressão mais clássica e convencional", disse Borrell.

"Estamos sempre dispostos a trabalhar pela paz, mas também a combater situações em que alguém não esteja disposto a isso e desencadeie guerras", frisou.

Por isso, insistiu em que a UE não pode rejeitar o 'hard power', que "não é só o poder militar", mas também a "capacidade de coerção" exercida com instrumentos como as sanções.

"Temos que desenvolvê-lo, se queremos sobreviver neste mundo perigoso, no qual a agressão da Rússia à Ucrânia nos introduziu", defendeu.

O Alto Representante europeu mostrou-se também "satisfeito" com a aplicação da "Bússola Estratégica", o novo plano de segurança da UE para os próximos anos, que entrou em vigor há um ano e prevê cerca de 80 medidas no âmbito da defesa.

Garantiu ainda que "está bem encaminhada" a preparação de iniciativas como a capacidade de destacamento rápido de cerca de 5.000 militares em casos de emergência ou crise fora da UE, que se prevê esteja totalmente operacional em 2025 e que realizará os seus primeiros exercícios em outubro próximo em Espanha.