Madeira

Região atenta aos componentes tóxicos presentes no pescado descarregado

Peixe-espada preto é a principal espécie descartada por presença de metais pesados acima do permitido por lei

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A Região Autónoma da Madeira está a desenvolver um projecto de monitorização dos principais contaminantes presentes no pescado descarregado no arquipélago. Segundo Pedro Ideia, investigador da Direcção Regional do Mar, da Secretaria Regional do Mar e Pescas, os metais pesados (mercúrio) presentes no peixe-espada-preto são a principal preocupação actualmente. 

O bioquímico explica que o objectivo é que apenas chegue à cadeia comercial o pescado em condições de segurança para consumo humano, tendo em conta os limites de mercúrio (1,0 μg/kg de peso corporal) estabelecidos pela Comissão Europeia.

Para tal, é utilizado o sistema de Análise de Perigos e Controlo de Pontos Críticos nos lotes de pescado descarregado. Pedro Ideia assume que na Região "existem lotes que têm de ser descartados, maioritariamente do peixe-espada-preto".

O investigador alerta que a população deve manter uma "dieta variada", sendo que "ninguém deve fazer uma dieta à base de peixe-espada-preto".

Nas ilhas Canárias, os investigadores têm focado o estudo das ciguatoxinas, um contaminante de origem natural, uma "biotoxina marinha, produzida por microalgas que se acumulam do pescado", que tem vindo a aumentar nas últimas décadas. 

Pedro Ideia assume que esse "ainda não é um problema na Região", com a sua presença apenas identificada nas espécies de charuteiro, contudo aponta que "com o aumento da temperatura da água devido ao aquecimento global é um problema que pode vir a preocupar a Região".

O técnico da Direcção de Serviços de Monitorização, Estudo e Investigação do Mar, da DRM, falava aos jornalistas à margem do  I Fórum Internacional sobre Vigilância de Intoxicações Alimentares, que decorre esta quarta-feira, 22 de Março, no Colégio dos Jesuítas, na cidade do Funchal.

O evento é promovido pela Direcção Regional da Saúde e insere-se no âmbito do projecto RASPA, financiado pelo Programa INTERREG MAC que visa a criação de uma rede de vigilância sanitária de produtos de pesca e aquicultura na macrorregião da Macaronésia, envolvendo parceiros da Madeira, Canárias, Mauritânia e Senegal.

O secretário regional de Saúde e Proteção Civil, Pedro Ramos, presidiu à cerimónia de abertura do evento.