Especialista em aviação diz ser mais fácil viajar da Madeira para Málaga do que para Faro
Uma possível rota Funchal - Faro poderia ser uma oportunidade de negócio para uma companhia aérea, mas que até à data ninguém pegou, sendo certo que para os madeirenses é mais fácil ir a Málaga do que chegar à capital do Algarve. É o que conclui o especialista em aviação, Pedro Castro, que analisou aquele mercado, pegando com a ligação entre Porto e Faro através da Ryanair, que vai ter mais voos.
"Em menos de uma hora de avião, poupam-se cerca de 5 horas de carro, portagens e gasolina ou 7 horas de comboio. Com muitos bilhetes à venda por menos de 20 euros, Porto e Faro ficam à distância de um fim de semana ou de uma viagem de ida e volta de trabalho no mesmo dia", refere. "Durante os anos 90 e no início do século, TAP e Portugália limitaram-se a realizar alguns voos sazonais de verão às 6as feiras. A 26 de Outubro de 2009, a Ryanair inaugurou esta ligação, inicialmente com apenas alguns voos semanais durante todo o ano. Com a entrada em vigor do novo horário de verão a 26 de março, os voos entre as duas cidades chegarão aos três por dia, o triplo dos voos existentes até 25 de março".
Assim, a SkyExpert, "empresa de consultoria especializada em transporte aéreo, aeroportos e turismo, analisou os dados estatísticos de 2019, o ano pré-pandemia, para esta rota. O Porto, com 153 mil passageiros transportados passageiros de e para Faro e com uma taxa de ocupação de 91%, foi o 4º destino da Ryanair com mais passageiros à partida de Faro. Para o aeroporto do Porto, Faro foi, em 2019, o 8º destino da Ryanair com maior volume de passageiros". Desta forma, com "o aumento de frequência em vigor a partir de Domingo, a Ryanair terá perto de 600 lugares disponíveis nesta rota todos os dias e 2023 poderá, por isso, marcar um novo recorde histórico".
"Comparativamente a Espanha, a mobilidade aérea doméstica transversal em Portugal Continental (isto é, excluindo as rotas Lisboa-Porto e Lisboa-Faro), sofreu muito ao longo das últimas décadas e, contrariamente a Espanha, tal cenário não está associado a uma melhoria da ferrovia", explica Pedro Castro, diretor da SkyExpert. "Se é verdade que em Espanha se reduziram bastante as ligações aéreas nos eixos operados por comboios de alta velocidade, como Madrid-Sevilha ou Madrid-Barcelona, o que aconteceu foi um aumento de variedade e de frequência nas ligações transversais", continua.
Neste seguimento, a SkyExpert alerta para a situação atípica de Portugal: "Para bloquear slots à concorrência no aeroporto de Lisboa, o Governo obriga a TAP, empresa pública de transporte aéreo, a concorrer em preço, produto e frequência com a empresa pública de transporte ferroviário nos trajetos Lisboa-Porto e Lisboa-Faro num ato de canibalismo irresponsável dos fundos públicos. Sem esses voos, o aeroporto da Portela teria espaço para mais 28 aterragens e partidas por dia para destinos que realmente são necessários e que não podem ser alcançados de outra forma."
Ainda "nesta linha de falta de acessibilidade aérea e de continuidade territorial", Pedro Castro, recorda que "não existem voos diretos entre o Algarve e nenhuma das Ilhas" e que "este Verão será mais fácil para os Madeirenses voarem do Funchal até Malága nos voos diretos da Iberia do que viajar para Faro, por exemplo".