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Lula diz que continuará a criticar o Banco Central brasileiro até os juros baixarem

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Foto EPA

O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, disse hoje que continuará a criticar o Banco Central até que a taxa básica de juros seja reduzida no país, atualmente em 13,75%, valor que considerado absurdo no atual cenário económico.

"Eu vou continuar batendo, vou continuar tentando brigar para que a gente possa reduzir a taxa de juros para que a economia possa voltar a ter investimento", disse o Presidente brasileiro, numa entrevista à TV 247.

As declarações de Lula da Silva acontecem no dia em que o Comité de Política Monetária do Banco Central brasileiro faz reuniões para decidir se mantém ou modifica as taxas de juros num contexto de forte desaceleração económica, e cuja decisão será conhecida na quarta-feira.

O Presidente brasileiro destacou que não há motivos para manter os juros em 13,75% "no momento em que não há crise de demanda" nem "excesso de demanda".

Hoje, a essas críticas somou-se o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que num simpósio no Rio de Janeiro reclamou que as taxas são "exageradamente altas".

O Governo de Lula da Silva, no poder desde 01 de janeiro, reclamou em diversas ocasiões que a manutenção das taxas de juros em 13,75% está a prejudicar o crescimento do Brasil, que será inferior a 1% este ano, segundo o mercado financeiro.

O Presidente brasileiro prometeu, no entanto, que no seu mandato "o Brasil voltará a crescer" de forma robusta, apesar das previsões de organismos internacionais, que também antecipam uma expansão em torno de 1% para 2023.

O Banco Central brasileiro, por sua vez, tem resistido ao afrouxamento do custo do dinheiro devido à elevada inflação, hoje em 5,60% na comparação anual, embora com tendência de queda, e às incertezas em torno da política fiscal do Governo.

Setores da esquerda acusam o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de servir aos interesses do ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem ele foi um eleitor fiel. Campos Neto foi apanhado entre os membros de um grupo de WhatsApp formado por ex-ministros de Bolsonaro em janeiro, depois da troca de Governo, facto que levantou suspeitas de que ele atua de forma indevida já que tem mandato até ao fim de 2024 e, segundo a legislação, só poderá ser demitido do cargo pelo Senado.