Meloni e Von der Leyen concordam com acção migratória urgente na UE
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, concordaram hoje sobre a necessidade de uma ação migratória urgente da União Europeia (UE), adiantou o gabinete da líder do Governo de Itália.
Meloni conversou por telefone com Von der Leyen, antes do Conselho Europeu em Bruxelas, que decorre na quinta e sexta-feira, noticiou a agência Ansa.
De acordo com o gabinete da primeira-ministra, foi partilhada "com von der Leyen a urgência de agir a nível europeu sobre migrações, sublinhada pela presidente da Comissão Europeia na sua carta [de segunda-feira] aos líderes da UE, (...) em sintonia com as prioridades da Itália sobre o assunto".
Giorgia Meloni realçou hoje, perante o Senado italiano, que é necessária uma ação europeia para impedir a chegada de migrantes e evitar o perigo de outro naufrágio como o de 26 de fevereiro na cidade de Cutro, no qual pelo menos 88 pessoas morreram.
"Após o desastre de Cutro, escrevi à presidente da Comissão Europeia, ao presidente do Conselho Europeu e ao Conselho Europeu para reiterar que não podemos esperar mais", frisou a chefe do Governo italiano.
"Não podemos esperar indefesos pelo próximo naufrágio, perigo que, insisto, é causado por travessias organizadas por traficantes de seres humanos sem escrúpulos. As fronteiras da Itália são as fronteiras da Europa", atirou.
Para a líder da direita radical, a abordagem deve procurar encontrar formas de impedir que migrantes e refugiados sejam forçados a tentar chegar à Europa em primeiro lugar.
"Antes do hipotético direito de migrar, todo o ser humano deve ter o direito de não ser forçado a migrar para procurar uma vida melhor", vincou.
"Este é precisamente o aspeto que a Europa e o Ocidente negligenciaram culposamente nos últimos anos", acrescentou.
Meloni salientou ainda que o Governo italiano conseguiu colocar o tema das migrações no topo da agenda da cimeira extraordinária do Conselho Europeu realizada no mês passado.
A primeira-ministra italiana abordou ainda as atividades dos navios de resgate de migrantes geridos por organizações não-governamentais (ONG) que operam no Mediterrâneo, defendendo que os países cujas bandeiras estão nas embarcações também devem estar envolvidos na gestão das pessoas resgatadas, para além de Itália.
Itália é abrangida pela chamada rota do Mediterrâneo Central, que sai da Líbia, Argélia e da Tunísia em direção à Europa, nomeadamente aos territórios italiano e maltês.
As rotas do Mediterrâneo central provocaram desde 2014 mais de 20.500 mortes, entre as quais cerca de 300 desde o passado mês de janeiro, de acordo com os dados mais recentes da Organização Internacional para as Migrações (OIM).