Funchal a andar para trás
Temos um Presidente de Câmara que dedica os seus dias a mostrar à saciedade todo o seu esplendor intelectual
Trabalhei na Câmara Municipal do Funchal durante 6 anos, entre 2013 e 2019, onde conheci profissionais de excelência, e foi possível executar um plano de desenvolvimento estratégico da cidade, tendo em vista a sua sustentabilidade, a sua prosperidade, e uma maior igualdade entre os seus cidadãos residentes. Foi esse o objetivo da liderança autárquica nesses anos, com uma vereação que empreendeu um enorme trabalho a todos os níveis, desde a habitação e políticas sociais, no ordenamento do território e reabilitação urbana, no investimento nas zonas altas e infraestruturas, na mobilidade e na proteção civil, no ambiente e na causa animal, na modernização administrativa e boa gestão financeira, na cultura e na democracia participativa. Trabalho que teve resultados positivos muito concretos, e colocou o Funchal entre as cidades de referência em todas estas áreas, recebendo diversas distinções relevantes.
O atual executivo quando entrou em funções em 2021 manifestou-se decidido em tentar apagar este legado frutuoso, e em diversas ações de propaganda que se foram estendendo no tempo foi tentando manchar todos os projetos que se levaram a cabo, numa lógica de terra queimada onde parece que nada de bom foi feito para trás.
Na verdade, passado cerca de ano e meio de mandato, o que se observa em concreto é que nada de novo se passa na cidade. A única coisa que este PSD, não renovado mas requentado, fez foi simplesmente inaugurar obras cuja execução já estavam em curso e deixados pelo anterior executivo, dizendo que realizaram inúmeras alterações quando não lhes mexeram uma palha, e voltaram às piores práticas do passado, querendo rever uma série de regulamentos que impunham regras e ordenamento, em particular o PDM que levou mais de 20 anos a ser revisto e concretizado na presidência de Paulo Cafôfo, para voltarmos a um passado de ingerência, favorecimentos e conluio para beneficiar alguns grupos económicos.
Cada vez que leio uma notícia relacionado sobre a autarquia do Funchal fico sempre com a sensação de “been there, done that”. Já vimos e já fizemos. Não há arrojo, não há criatividade, não há uma estratégia de futuro, muito menos de desenvolvimento.
Temos um Presidente de Câmara que dedica os seus dias a mostrar à saciedade todo o seu esplendor intelectual, ora querendo que o exército tome conta das ruas do Funchal, uma espécie de estado marcial dos pequeninos, ora demonstrando todos os seus conhecimentos de geologia e sismologia, e em tratado declara que 150 Milhões de Euros esbanjados numa nova parede de betão na Pontinha irão proteger a cidade de Tsunamis… o Brigadeiro Oudinot deve ter dado voltas ao seu túmulo!
Como cidadão gostaria que a Câmara do Funchal voltasse a estar focada nos problemas que continuam a afetar a qualidade de vida dos seus residentes, e se cumprisse com promessas eleitorais, como uma melhor gestão do trânsito, que a cada dia que passa se torna ainda mais caótico.
Não basta mudar a cor do logo da Câmara para laranja. É preciso muito mais trabalho em prol dos munícipes, de outra forma só iremos continuar a caminhar para trás.