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Rússia anuncia querer voltar ao Conselho de Direitos Humanos

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A Rússia insiste em voltar ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, de que foi expulsa em abril passado, após invadir a Ucrânia, tendo anunciado hoje que se candidatará à eleição dos Estados-membros daquele órgão em outubro.

Em votação na Assembleia-Geral das Nações Unidas, a participação da Rússia no Conselho de Direitos Humanos foi suspensa, mas, desde então, tem-se mantido muito ativa naquele órgão, no qual agora tem direito a falar -- como todos os Estados-membros da ONU -, mas não direito de voto.

Numa intervenção presencial no Conselho de Direitos Humanos, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Riabkov, sustentou que a suspensão do seu país foi obtida através de "uma pressão política e uma chantagem económica sem precedentes", alegadamente exercidas pelos países ocidentais sobre os países mais pequenos.

"No entanto, a Rússia continua a participar ativamente no trabalho do Conselho de Direitos Humanos, com o seu estatuto de observadora. E, apesar da pressão contra a Rússia, temos a intenção de apresentar a nossa candidatura na próxima eleição de membros para o Conselho", declarou.

Noutro ponto da sua intervenção, Riabkov condenou as sanções unilaterais impostas ao seu país por causa da guerra na Ucrânia e acusou os países da NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental) de alimentarem esse conflito, com o fornecimento de armamento e equipamento militar ao país agredido.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 372.º dia, 8.101 civis mortos e 13.479 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.