ONU insiste que tratado sobre alto mar deve ser ambicioso
A ONU insistiu hoje na necessidade de se alcançar um tratado "robusto e ambicioso" sobre o alto mar, a dois dias do fim das negociações de um texto que visa proteger quase metade do planeta.
"O nosso oceano está sob pressão há décadas. Não podemos mais ignorar a urgência oceânica", afirmou o conselheiro jurídico das Nações Unidas, o português Miguel de Serpa Soares, em representação do secretário-geral, António Guterres, que se encontra numa visita ao Iraque.
"Os impactos das mudanças climáticas, perda de biodiversidade e poluição estão a ser fortemente sentidos em todo o mundo, afetando o nosso meio ambiente, os nossos meios de subsistência e as nossas vidas", disse Serpa Soares aos negociadores que se encontram reunidos em Nova Iorque desde 20 de fevereiro.
Ao adotar um acordo robusto e ambicioso nesta sessão, frisou a ONU, está a ser dado um passo importante para combater essas tendências destrutivas e melhorar a saúde dos oceanos para as próximas gerações.
Depois de mais de 15 anos de discussões informais e depois formais, as delegações dos Estados-membros da ONU reuniram-se para a terceira sessão de negociações em menos de um ano.
O último projeto de texto atualizado, publicado no último sábado, ainda está salpicado de parênteses e múltiplas opções sobre algumas questões importantes, em particular sobre a criação de áreas marinhas protegidas e sobre a partilha dos benefícios esperados dos recursos genéticos marinhos.
"Tic-tac, tic-tac", lançou hoje, na abertura do plenário, a presidente das negociações, Rena Lee, insistindo no pouco tempo que resta para se alcançar um consenso.
Porém, reinava um certo otimismo entre os observadores ouvidos pela agência France Presse (AFP), graças aos avanços significativos alcançados nos últimos dois dias.
O alto mar começa onde terminam as Zonas Económicas Exclusivas (ZEE) dos Estados, a no máximo 200 milhas náuticas (370 quilómetros) da costa, pelo que não está sob a jurisdição de nenhum país.
Representa mais de 60% dos oceanos e quase metade do planeta e é crucial para a proteção de todo o mar, vital para a humanidade, mas ameaçado pelas mudanças climáticas, poluição de todos os tipos e pesca predatória.