Estarão os madeirenses a casar-se menos?
Estará a 'instituição' casamento em desuso? Estarão os madeirenses a casar-se menos? As estatísticas a longo prazo, que recuam até à década de 1970, mostram que, por exemplo, em 1975 tinham sido celebrados 2.650 matrimónios e a tendência, desde então tem sido de declínio até se chegar aos mínimos de 612 em 2020, num ano atípico em que, mesmo que quisessem, os casais não podiam celebrar o seu casamento da forma como praticamente todos querem, juntando familiares e amigos.
As estatísticas, uma vez mais, revelam que os madeirenses continuam a querer casar-se, ainda que em muito menor número e, hoje em dia, não como aquela obrigatoriedade que a tradição e a religião impunham há 40 ou 50 anos. Hoje, até as uniões de facto são casamentos sem passar papel, sem cerimónia, sem festa, apenas um 'contrato', reconhecido oficialmente inclusive, entre duas pessoas. Os tempos mudaram, mas muitos continuam a contrair matrimónio.
No ano passado inverteu-se pelo segundo ano consecutivo uma já longa tendência de decréscimo - desde 1970 ocorreram 29 quebras anuais, ainda assim para 22 aumentos anuais face ao ano imediatamente anterior -, num sobe e desce que acabou por fazer de 2022 o melhor dos últimos 14 anos (desde 2009, com 1.032 casamentos). Este 'corte' com o passado, veio, como referido atrás após dois anos em que as restrições da pandemia de covid-19 impuseram o adiamento de muitos casamentos.
Ou seja, mesmo após estes dois anos de aumentos, não é certo que vá acontecer de novo este ano. Para já, em Janeiro de 2023 ocorreram 66 casamentos, mais 20 do que em Janeiro do ano passado, correspondendo a um aumento de 43,5%. Além disso, foi o melhor primeiro mês para casamentos dos últimos cinco anos e o segundo valor mais alto dos últimos 14 anos. Nos últimos 20 anos, contudo, tendo em conta o histórico de redução anual e mensal, Janeiro de 2023 é apenas o 7.º melhor ano, acima da média anual (57) deste período.
Olhando à evolução histórica mensal, temos a curiosidade de pela primeira vez em Agosto do ano passado ter ocorrido o mês com mais casamentos num único ano civil - habitualmente, pelo menos desde 1990, ocorrem em Setembro (18 vezes) e Julho (13 vezes), além de uma vez em Outubro e outra em Dezembro -, e ao mesmo tempo estabelecendo um máximo mensal dos últimos 11 anos, superando o oitavo mês de 2022 todos os meses mais populares de desde Julho de 2011 (168 casamentos) a Abril de 2020 (1). Foram ultrapassados 132 meses.
Já nos meses com menos casamentos, claramente Abril de 2020, pelas razões já apontadas - o casal que deu o nó nesse mês fica com essa marca de terem tido um mês só para eles, e para sempre, algo que dificilmente se repetirá -, mas também em 2022 se destaca com os 46 casamentos em Janeiro, que foram ainda assim o melhor dos piores meses de cada ano desde há 13 anos (em 2010).
Isto para reforçar que, de facto, há uma longa tendência de decréscimo do número de casamentos, mas que o que aconteceu no ano passado pode ser uma esperança numa inversão da vontade de casar dos madeirenses. E o que ocorreu já em Janeiro deste ano, se tiver repetido em Fevereiro (dados por divulgar) e ao longo dos próximos 10 meses, em que quase todos os meses tiveram mais casamentos que em 2021 (a excepção foi Dezembro de 2022 face a Dezembro do ano anterior), poderemos muito bem estar a falar de um novo ciclo. Ou seja, poderíamos dizer que na última década (2014-2023) ocorreram mais aumentos anuais (7) do que diminuições (3).
Nota final para quem está a pensar casar este ano. Veja os links em baixo. Alguns vão fazê-lo, pois aderiram ao 'Casamento de Sonho' promovido pelo DIÁRIO.