Dezenas de detidos em novos protestos contra reforma das pensões em Paris
França registou pelo segundo dia consecutivo protestos espontâneos em grandes cidades, contra o projeto de lei que aumenta a idade de reforma de 62 para 64 anos, sendo que em Paris pelo menos 60 manifestantes foram detidos.
Tal como no dia anterior, milhares de pessoas, muitas destas jovens, manifestaram-se na emblemática Praça da Concórdia (Place de la Concorde, em francês), sem que o evento tenha sido promovido por um partido ou sindicato.
Além de 61 detenções, cinco polícias ficaram feridos nos protestos na capital francesa, noticiou a agência Efe.
Durante a mobilização civil, foi feita uma grande fogueira, onde foram queimadas imagens com o Presidente Emmanuel Macron, que acusam de "virar as costas" à democracia ao aprovar a reforma sem votação da Assembleia Nacional.
O protesto terminou com a intervenção da polícia de choque, que cercou com agentes toda a praça.
Outras cidades, como Toulouse, Bordeaux, Lyon e Estrasburgo também registaram manifestações.
Durante o dia, os trabalhadores de saneamento que fizeram greve também bloquearam uma estação de coleta de lixo que abriga o maior incinerador da Europa, enquanto os estudantes universitários saíram das salas de aula para se juntarem às greves que afetaram diversos setores profissionais.
Na quinta-feira, logo após a aprovação da polémica reforma, as tensões foram ainda maiores, pois as forças de segurança detiveram centenas de manifestantes, a maioria em Paris.
Os protestos resultaram em vários carros e mobiliário urbano incendiados.
Os sindicatos que organizaram greves e marchas contra o aumento da idade de reforma disseram que mais comícios e manifestações estão marcadas para os próximos dias.
Entre os artigos mais polémicos desta nova lei está o aumento da idade da reforma para 64 anos ou 43 anos de descontos, mas também o fim dos regimes especiais existentes para os trabalhadores dos transportes, da energia ou mesmo do Banco de França, assim como a adoção de um contrato especial para promover o emprego de pessoas com mais de 60 anos.
Macron fez das mudanças às leis de reforma a principal prioridade do seu segundo mandato, argumentando que estas alterações são essenciais para tornar a economia francesa mais competitiva e evitar a falência do sistema de segurança social.
Se uma eventual moção de censura ao Governo for aprovada na Assembleia Nacional, a proposta de alteração legislativa fica em causa e o Governo será obrigado a renunciar, o que não acontece desde 1962.
Nesse cenário, Macron pode optar por voltar a indicar a primeira-ministra Elisabeth Borne, que poderá escolher novo Governo.
Contudo, a aliança de partidos do centro liderada por Macron tem a maioria na Assembleia Nacional, tornando difícil a aprovação de uma moção de censura.