Estados Unidos não apoiam cessar-fogo alegando que beneficiaria Rússia
Os Estados Unidos expressaram hoje oposição a um cessar-fogo na Ucrânia, neste momento, alegando que consolidaria os avanços que a Rússia fez no campo de batalha.
O Governo norte-americano assumiu esta posição após o anúncio de que o Presidente chinês, Xi Jinping, e o seu homólogo russo, Vladimir Putin, se encontrariam na segunda-feira, em Moscovo.
Hoje, John Kirby, um dos porta-vozes da Casa Branca, disse que os Estados Unidos têm "profundas preocupações" com algumas das questões que Xi e Putin podem vir a discutir.
Os Estados Unidos estão preocupados com a possibilidade de Xi reiterar a proposta chinesa de um cessar-fogo, durante o seu encontro com Putin, uma hipótese que Washington considera que apenas serviria para a Rússia consolidar os avanços que tem feito no campo de batalha.
"Não apoiamos qualquer proposta chinesa de um cessar-fogo, durante a reunião em Moscovo, porque isso só beneficiaria a Rússia", disse Kirby, que insistiu na tese de que a guerra deve terminar "de forma justa", respeitando a soberania territorial da Ucrânia.
Kirby sugeriu que Xi deve também falar com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, telefonicamente, para procurar obter a perspetiva deste sobre o conflito e não apenas a de Putin.
Desde o início da guerra, em fevereiro do ano passado, a China manteve uma posição ambígua, sem criticar a Rússia, que considera um parceiro estratégico, mas evitando prestar assistência militar, alegando o seu princípio de política externa que dá prioridade ao respeito pela soberania e integridade territorial dos estados.
Há um mês, os Estados Unidos acusaram a China de estar a preparar-se para enviar armas para a Rússia.
Na quinta-feira, uma investigação jornalística feita pelo jornal norte-americano Politico, baseada em documentos comerciais e alfandegários, revelou que empresas chinesas estão a fornecer armas e outro material militar a organizações russas.
O Governo chinês rejeita estas acusações e imputa aos EUA a responsabilidade de alimentar as "chamas da guerra", ao enviar ajuda militar à Ucrânia.
Questionado sobre a investigação do Politico, Kirby disse que os Estados Unidos não têm nenhuma indicação de que essas armas estejam a ser usadas na guerra na Ucrânia.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.173 civis mortos e 13.620 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.