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A terra das taxinhas

Desde há cerca de duas semanas que a entrada no Cabo Girão é paga. Aparentemente, desde essa altura, o sistema já entrou em colapso várias vezes, e é impossível cumprir horários, e isto é verdade para todos os operadores.

E ainda nem entrámos na época alta… como será – imaginem – quando chegar a época alta e estiverem a chegar ao miradouro entre dez e quinze autocarros, que têm mais ou menos de se despachar em 45 minutos? Dez ou quinze autocarros, aceitando que não estão totalmente cheios, serão entre 400 e seiscentas pessoas. Sabendo que só aceitam na plataforma paga, a cada momento, cinquenta pessoas, que o acesso custa dois euros, uma conclusão optimista aponta para uma espera, dos últimos a chegar, de cerca de uma hora.

E não é uma hora útil… é uma hora estéril, de espera pura, provavelmente em fila, e frustrante porque no final pode acontecer que não haja acesso, porque a máquina não aceita todas as notas, e provavelmente vai acontecer, ocasionalmente, que não tenha troco disponível.

Eu não defendo que o acesso às principais atracções da ilha tenha que ser gratuito. Aliás, há muito que defendo que é preciso aumentar a rentabilidade do turismo na Madeira, e que é preciso ser selectivo nos públicos que se atraem. Uma das formas de fazer essa selecção é pelo preço. Porque não hão estas taxinhas de ser cobradas ou à chegada, no aeroporto, ou no alojamento? Dois euros no Cabo Girão, um ou dois no Ribeiro Frio, um ou dois na Ponta de São Lourenço, e ainda aqui vamos…

Eu sei que o pioneiro da taxa turística na Madeira foi o JPP, e que o PSD se recusa a aceitar a fórmula por isso, sei também que os hoteleiros não gostam da fórmula, vá-se lá saber porquê, porque funciona assim na Europa toda.

Cada vez que vejo estes disparates penso, porque tenho que pensar, que a nossa autoridade de turismo não pensa. E tenho que concluir que não pensa provavelmente porque não quer – o que é mau – ou não sabe – o que é pior. Porque a maior parte destes problemas é perfeitamente previsível para qualquer pessoa que alguma vez se tenha dado ao trabalho de estudar a operacionalização do turismo no terreno.

Com base em toda a minha experiência de turismo… os clientes que deixam de vir à Madeira porque ela custa mais dez euros (ou vinte, ou cinquenta) de taxa turística, não nos interessam. Será melhor não os ter. E deixamos todos de perder tempo, e paciência, com as “taxinhas”.